Toneladas de comida para peixes, pássaros, avestruzes e bezerros, 60 boxes de banheiro, 384 aparelhos eletrodomésticos, 480 sofás, além de R$ 53.921 em gastos com medicamentos apenas em março, R$ 29 mil em frutas e R$ 214, 8 mil para a compra de “28 mil quilos de café em pó, de primeira qualidade”. Esses produtos e quantidades, no mínimo curiosos, integram a extensa lista de notas de empenho emitidas pela Secretaria de Administração da Presidência e outros órgãos da administração pública. O destino: o Palácio da Alvorada e a Granja do Torto, onde vive a presidente Dilma Rousseff (PT), o Palácio do Planalto, Senado e Câmara dos Deputados.
Os recursos vêm dos cofres do Tesouro Nacional e a modalidade dessas compras muitas vezes dispensa licitação. Isso significa que os responsáveis pelo dinheiro público podem negociar com qualquer empresa do mercado. O Estado de Minas fez um levantamento de todas as notas de empenho da Secretaria de Administração da Presidência, no portal da Transparência do governo federal, de 1º de janeiro, quando a presidente Dilma tomou posse, até essa segunda-feira, e das notas de empenho do Congresso Nacional no portal Contas Abertas, que divulga semanalmente a coluna “Carrinho de compras”, com aquisições curiosas dos órgãos públicos. Muitas dessas compras chamam a atenção, seja pelo valor, pela quantidade, ou ainda pela curiosidade. O destino e o objetivo delas, na maioria das vezes, não é especificado na nota de empenho.
ó para alimentar os animais que vivem nas duas residências presidenciais e no Palácio do Jaburu, onde mora o vice-presidente Michel Temer (PMDB), foram reservados quase R$ 50 mil, em janeiro, para a compra de 43 toneladas de ração para peixes, avestruzes, pássaros e até bezerros. Para embelezar os jardins, também não foram poupados recursos. Foram empenhadas, sem licitação, 1.370 mudas de flores, dentre elas, bico-de-papagaio, gérbera e kalanchoe. Quem faturou R$ 7.958 com a venda das plantas ao governo federal foi a Sousa Jardim Comércio de Plantas Ltda.
Os toaletes da Presidência também passaram por uma reforma nos quatro mesesem que Dilma esteve à frente do governo. Só de box para banho foram reservados R$ 7.980. O valor poderia não ter sido tão alto se não tivessem sido empenhados 60 boxes. O órgão comprometeu ainda R$ 11 mil na aquisição de pias, tampas e assentos de vasos sanitários, saboneteiras e duchas. Isso sem falar nos R$ 1,4 mil gastos em uma banheira de hidromassagem na cor branca, com acessórios cromados. E para deixar os banheiros bem cheirosos, não poderia faltar o desodorizador de ar, ao custo de R$ 6.371.
Para não perder os noticiários sobre o governo, a equipe da Presidência da República empenhou quase R$ 55 mil para a aquisição de 30 televisões LCDs de 42 polegadas com tecnologia full HD e conversor digital integrado.
Chama a atenção ainda a quantidade de remédios. São tantos, que daria para montar uma farmácia. Só em março, foram reservados R$ 53.921 para a compra dos medicamentos. E a preocupação com a saúde não para por aí, ela começa na alimentação. Frutas e verduras não faltam na mesa da Presidência. A Secretaria de Administração empenhou R$ 29.493.60 para a compra de 13 toneladas de uva, pêra, maçã, abacaxi, goiaba, banana e caqui, alface e hortelã. E para o lanche presidencial, R$ 15 mil em pães e o tradicional cafezinho.
Segurança
As compras curiosas não se restringem aos gastos com os “materiais de consumo” da Presidência. O departamento de segurança pessoal de Dilma Rousseff, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) reservou R$ 150 mil para contratar serviços de comissária aérea para as aeronaves à disposição da Presidência da República no Aeroporto Internacional de Brasília para 2011.
A assessoria de imprensa da Secretaria Geral respondeu, por e-mail, que os gastos não são só com o gabinete presidencial. Acrescentou que “os gastos específicos da presidenta devem seguir critérios de transparência e austeridade e ao mesmo tempo assegurar à presidenta seu direito à privacidade e à segurança”. Ainda ressaltou que as despesas seguem rigorosamente as determinações da Lei 8.666 e são auditadas pela Controladoria Geral da União (CGU) e pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
A assessoria informou não ser possível justificar todos os gastos, mas em relação à quantidade de remédios, disse que “devem ser relativos ao atendimento de algumas centenas de pessoas pelo serviço médico da Presidência que atende aos servidores do Palácio do Planalto”.
Fonte: Estado de Minas
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