segunda-feira, 16 de maio de 2011

SANTA CATARINA: A FARDA EM SEGUNDO PLANO.

O salário considerado baixo por policiais leva alguns PMs a esticar a jornada com “bicos” em empresas privadas, o que pode comprometer a qualidade do trabalho nas ruas

Um funcionário trabalha 12 ou 24 horas direto e depois do seu turno troca de roupa e parte para uma segunda jornada, chegando a ficar quase 72 horas sem dormir.

O motivo para tanto desgaste é conseguir um dinheiro a mais no final do mês. Este exemplo não se trata de um trabalhador comum, mas faz parte do dia a dia de diversos policiais militares de Joinville. A prática, além de ilegal, põe em risco a saúde dos servidores e a segurança das pessoas comuns.

Um policial que há dez anos está na Polícia Militar de Santa Catarina aceitou conversar com a reportagem na condição de ter o anonimato garantido. Ele não abre mão dos serviços fora do plantão porque, conta, compensa muito mais do que as horas extras como policial.

“É algo comum. Todo mundo sabe que todo mundo faz”, comenta. Não somente os colegas sabem, como criam uma rede para arranjar os trabalhos. “Há os que organizam e distribuem os serviços”, revela.

Os bicos são os mais variados. Há opções para trabalhar em casas noturnas, bares, postos de combustíveis, indústrias, relojoarias e lojas de shopping. Mas o mais rentável são as escoltas de caminhões ou de valores, onde se chega a faturar R$ 250 por dia.

O comando da 5ª Região, responsável por Joinville, afirma não saber destes casos. Segundo o coronel Cantalício Oliveira, nenhum funcionário público, seja policial militar ou não, pode trabalhar fora das instituições, exceto no magistério e na área de saúde. “Não é comum recebermos estas denúncias”, diz o coronel.

Para a Associação de Praças de Santa Catarina (Aprasc), a solução para o problema está relacionada diretamente à questão salarial. “Na teoria é proibido, mas o Estado é conivente. É intencional porque não precisa (com os “bicos”) dar aumento para os policiais. Se eles não fizerem estes trabalhos fora, passam fome”, afirma o vice-presidente da regional Norte da associação, Elisandro Lotin.

Fonte: clicrbs

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