A promessa do governo estadual de mudar as Leis de Organização Básica (LOB´s) da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros conseguiu convencer os oficiais e praças das corporações a suspenderem a operação-padrão programada para a abertura do Forró-Caju 2011, que acontece hoje à noite. Em assembléia realizada ontem à tarde na quadra do Colégio Militar, no centro de Aracaju, a categoria decidiu que vai cumprir normalmente as escalas de trabalho baixadas pelo comando da PM, ou seja, quem estiver de folga e for convocado para trabalhar, vai assumir seu posto.
A decisão foi tomada por conta da promessa do governo de aprovar e sancionar uma lei que defina a carga horária de trabalho dos militares, além de trocar o fornecimento de alimentos por tíquetes-refeição. Um gesto concreto foi a criação de uma Comissão Especial de Trabalho formada por representantes do Comando da PM e das Associações Militares Unidas, que vão elaborar e discutir propostas para a nova LOB, a ser mandada até o fim do ano para a Assembléia Legislativa. A garantia do comando é de que todas as partes serão ouvidas pelo comando.
A garantia que faltava foi dada ontem, em uma reunião dos representantes dos militares com o secretário da Segurança Pública, João Eloy de Menezes e com os comandantes-gerais da PM, coronel Aelson Rezende, e dos Bombeiros, coronel Nailson Santos. Aos militares, Eloy demonstrou que a fixação da carga horária dos militares, principal apelo da categoria, é questão fechada dentro do governo e tem o aval do governador Marcelo Déda. Este, aliás, transmitiu, por meio do secretário, o seguinte recado à tropa: Discutam a lei, façam e mandem para mim, que eu vou aprovar.
Tais palavras foram citadas textualmente durante a assembléia, dividindo a opinião de muitos militares que compareceram à quadra do colégio. Alguns temiam que o governo esperasse as festas juninas passarem para esquecer a promessa e não definir nada sobre a carga horária e outras reivindicações. Os líderes das associações defenderam a suspensão do movimento, justificando que a manutenção dele seria a radicalização do Tolerância Zero e prejudicaria as negociações.
Temos que pensar na sociedade, porque ela é importante para nós. Vamos garantir o (policiamento do) São João e seguir com a negociação até agosto, quando a Assembléia Legislativa voltar do recesso. Esse tempo é para conhecermos o que está na proposta da LOB. Se continuar (a operação padrão), a LOB vai do jeito que está. Alguém aqui conhece o que tem lá? Como vamos ter tempo para que todos saibam o que tem na LOB?, argumentou o deputado estadual Capitão Samuel Barreto, exortando os colegas a escolher pela manutenção do diálogo com o governo.
Os militares, convencidos, aprovaram a suspensão do movimento por unanimidade. Obrigado pelo voto de confiança, senhores!, exclamou o major Adriano Reis, das Associações Unidas, que se diz otimista com a Comissão de Trabalho do comando. Visando a garantia da segurança da sociedade, decidimos dar mais uma chance ao governador Marcelo Déda para que ele atenda aos nossos pleitos. A própria categoria se imbuiu neste sentimento de confiança. O secretário João Eloy garantiu que todos os nossos pedidos estão sinalizados. Não podem ser todos resolvidos de uma vez, mas o serão até o fim deste ano, disse Adriano.
Já o sargento Jorge Vieira, um dos líderes do movimento, garante que os policiais militares vão fazer o São João mais seguro que já existiu aqui em Sergipe, trabalhar de forma aguerrida, com o maior compromisso possível com a sociedade, mas esperam que o governador Marcelo Déda cumpra a promessa da carga horária definida. Estamos confiando no homem (Déda). O homem agora tem toda a oportunidade de mostrar que, se for feito o trabalho com diálogo, como sempre pedimos, a tropa vai saber reconhecer. O passado foi doloroso, mas o futuro pode ser maravilhoso, afirmou Vieira.
Mais de 2.500 policiais vão trabalhar nos eventos juninos da capital e do interior, principalmente no Forró Caju, no Arraiá do povo e nas cidades de Areia Branca, Capela, Nossa Senhora do Socorro, Rosário do Catete, Cristinápolis, Estância, Itabaiana e Itaporanga D´Ajuda. Por decreto estadual, eles terão direito à Gratificação por Atuação em Eventos (GRAE), a ser paga pelo governo estadual.
Fonte: Jornal do Dia (Gabriel Damásio)
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