Depois de divulgado o relatório final da intervenção realizada na Caixa Beneficente da Polícia Militar, em que os gestores do período de 2007 a 2011, sargento Vieira, coronel Brito, coronel Péricles e cabo Palmeira, foram citados como autores de um rombo de, segundo o interventor da entidade, o coronel Dos Anjos, quase R$ 10 milhões, os militares acusados procuraram a redação do portal F5 News e entregaram documentos da origem das dívidas e das, segundo eles, aberrações que aconteceram na entidade durante o período em que o mesmo Dos Anjos, hoje interventor, estava à frente da instituição como gestor.
Segundo o sargento Edgard Menezes, citado como um dos responsáveis pelos problemas financeiros da Caixa Beneficente, o coronel Dos Anjos é o responsável pelos problemas da instituição, pois com ele as dívidas começaram a ser contraídas. Em posse do resultado de uma auditoria realizada pelo escritório de contabilidade Barros Filho, em 2005, que constatou ter havido inconsistências contábeis em valores superiores a dois milhões de reais, considerando a dívida acumulada com o INSS, de mais de R$ 1.350 milhão, a compra da Pizzaria Pizzarela, por R$ 20 mil, a compra do supermercado O Miliciano, por R$ 560 mil e dívidas de R$ 310 mil também oriundas do supermercado.
As transações feitas por Dos Anjos, que segundo os militares comprou os empreendimentos para si, não foram registradas na Junta Comercial, nem no cartório de imóveis.Também fora feito a título empréstimo a terceiros, o valor de R$ 1.824.277,61 sem que fossem encontrados documentos, contratos ou quaisquer comprovação que permitam a cobrança do montante. Segundo Edgard, diversos documentos desapareceram de forma misteriosa quando Dos Anjos saiu do conselho gestor da Caixa Beneficente. Além disso, na gestão dele, a entidade contratou funcionários de forma irregular, sem carteira assinada e sem pagar os direitos trabalhistas, provocando mais uma dívida, no valor de mais de R$ 46 mil.
Edgard Menezes afirmou para o F5 News que os funcionários contratados pelo coronel Dos Anjos entraram na Justiça contra a Caixa Beneficente tem como testemunha o próprio ex-gestor. Ele explica que constam dos documentos a participação do coronel como testemunha dos reclamantes. Edgard questiona o papel do coronel nos processos. “Como ele vai acusar a instituição de dever aos funcionários que ele mesmo contratou irregularmente? Dos Anjos é quem sabe a resposta, pois ele era o gestor”.
Nos dados apresentados também foi comprovada a compra de um terreno de 300 metros quadrados no loteamento Soldado Moraes, no bairro Coroa do Meio, que era de propriedade da Caixa Beneficente por R$ 15 mil, enquanto Dos Anjos era gestor e também comprador da área. O documento de compra e venda está assinado por Dos Anjos pela Caixa e pelo comprador. O pagamento foi feito em um sinal de R$ 13 mil, com mais R$ 2mil que foram tomados de empréstimo da entidade, a ser pago em 36 prestações de R$ 69,99 para a instituição.
Mais problemas envolvendo compra e venda de imóveis foram apresentados nos documentos recebidos pelo F5 News. Um imóvel situado à rua Campos, 766, no bairro São José, foi comprada pela Caixa Beneficente, o gestor era o coronel Adelino Silva, à época, pelo valor de Cr$ 1.850.000.000,00, um bilhão e oitocentos e cinquenta milhões (Valor em Cruzeiros Reais), cerca de R$ 67.000 atuais, em maio de 1994, que foi vendido pela instituição para o próprio Dos Anjos, quatro dias após ter modificado a razão social da entidade. A mudança foi feita no dia 17 de setembro de 1998 e o terreno vendido a Dos Anjos pelo valor de R$ 42 mil no dia 21 de setembro. O mesmo terreno foi vendido por Dos Anjos pelo valor de R$ 90 mil à Fundação Manoel Cruz, ligada à igreja católica.
Dívidas da Caixa Beneficente se acumulavam ao longo dos anos. O IPTU de vários imóveis da instituição não tiveram pagamento efetuado. A partir do ano de 1998 até o ano de 2007 não foram pagos os impostos. De acordo com Edgard, as dívidas começaram a ser pagas quando os gestores Vieira, Palmeira e Brito assumiram o comando da entidade.
A própria sede da entidade, localizada na rua Boquim, 208 foi colocada em penhora por várias vezes, entre 2006 e 2011, devido as dívidas. Em 2011, depois de muita luta para evitar, o prédio da Caixa Beneficente da Polícia Militar foi leiloado. O arremate foi feito pelo empresário Marcos Antônio Moura Sales. Segundo Edgard, o valor do arremate foi de R$ 400 mil, sendo que o prédio está avaliado em mais de um milhão de reais.
Edgard afirmou que até o arremate do prédio da Caixa foi planejado entre o coronel Dos Anjos, o empresário e outra autoridade militar. Também afirmou que o relatório elaborado pelos interventores da Caixa Beneficente é mentiroso, pois ele nunca agiu como gestor da entidade e que todas as ações contra ele e o sargento Jorge Vieira, tem conotação política dentro da PM.
A reportagem do F5 News procurou contato telefônico com o coronel Dos Anjos para ouvir sua versão. Contudo, as ligações não foram atendidas.
Fonte: F5 News (Márcio Rocha)
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