P/ quem não tem medo de defender o direito da coletividade
“Fazei aos outros o que se quereria para si mesmo”(Jesus Cristo). Eis uma expressão que adentrará as gerações enquanto neste mundo houver vida inteligente. Não é apenas um preceito de religiosidade, mas também de ética, moral e até mesmo de justiça. Este ditame deveria ser bandeira defendida por instituições como, por exemplo, a Polícia Militar do Estado de Sergipe, objeto agora da reflexão deste blog.
Há muito, percebem-se as transformações às quais estão sujeitas instituições policiais militares país a fora, e com a de Sergipe não tem sido diferente. Assim, o que essa nova geração de policiais militares, principalmente dos oficiais, deve se perguntar diante dos fenômenos que vêm afetando a PMSE? Um questionamento simples poderá favorecer a compreensão das expectativas dos sergipanos:“O que a sociedade sergipana espera de nós, guardiães da segurança desse estado?” Será que os oficiais podem fazer essa reflexão?
Certamente, a sociedade teceria uma lista de justas reivindicações singularizada na constatação do árduo combate à violência de toda ordem, por esses homens e mulheres que fazem a PMSE.
Logo, um perfil desses profissionais deve estar muito bem traçado e delineado, a fim de atender tal expectativa. O renomado Professor Jurandir Costa Freire, em sua obra “a ética e o espelho da cultura”, fala em quatro Detestáveis componentes do perfil da cultura brasileira: o cinismo, a delinquência, a violência e o narcisismo. Portanto, não necessitaríamos ir muito longe para termos a certeza de que esses componentes devem ser combatidos junto aqueles que, por opção, decidiram e juraram defender a sociedade sergipana. Para Jurandir: "Somos nós, indivíduos, que inventamos os universos de valores que nos permitem viver em comunidade, ou seja, assumindo compromissos. Só com valores nos tornamos capazes de prometer. De prometer e de cumprir".
Portanto, cabe a cada um tão somente a capacidade de construir um espaço humano de permanência.
A cultura é a própria condição de sobrevivência do homem no Planeta. Escreve ainda Jurandir C. Freire: "Se você ataca sistematicamente o equilíbrio cultural de um povo, de uma instituição ou organização, você retira dos indivíduos seu único dispositivo de proteção para enfrentar a desordem e o vazio."
Paradoxalmente, a manutenção da ordem cultural da Polícia Militar do nosso estado deve-se, inicialmente, aos seus integrantes - de acordo com a esfera das suas responsabilidades, mediante círculos de atuação. Caso contrário, serão postos em situação de desqualificação e de tutela, caindo todos num abismo moral, tornando-os inclusive descrentes das leis que os regem. Perigosamente, valores, regras, ética, compromissos passam a ser compreendidos como racionalizações que escamoteiam a violência, a razão cínica, a delinquência e o narcisismo dentro e fora da instituição policial.
Num Segundo momento, cabe à sociedade exigir uma readequação dessa organização policial, mediante as suas demandas e necessidades que urgentemente precisam ser atendidas.
Como pode-se ver, serão os Comportamentos dos integrantes da Polícia Militar Sergipana que consolidarão ou não o estado (de)s-coisas hipoteticamente levantadas pelo autor mencionado nesta análise.
Promoções na PMSE – Tem-se assistido a episódios desconfortáveis atrelados à promoção de policiais na PM de Sergipe. Não se deve esquecer que tal rito administrativo, antes de tudo, é formal e tipificado em lei, a 2.101 de 11 de outubro de 1977, intitulada “Lei de Promoção de Oficiais”. Absurdamente descumprida, quando da seleção dos pretensos à promoção. Parecendo haver duas réguas de medidas sem previsão legal.
Assim, o produto fabricado pela comissão de promoção daquela instituição desafiou a compreensão dos seus integrantes, alfabetizados com boa cultura e notável poder de criticidade.
Histórias nos bastidores - Como um bolo “solado”, o “processo” de promoção chegou às portas do Palácio do Governo e, ao ser entregue a um técnico/assessor encarregado de apurar todos os feitos contidos naquele ato administrativo, permitiu a identificação “in locu”, da necessidade de amparados ajustes. Nos bastidores comenta-se que após a devida verificação, em presença de algumas autoridades policiais, para a surpresa de todos, um Oficial que era também um dos interessados e candidato à promoção, retirou abruptamente o processo das mãos do técnico/assessor encarregado do recebimento, faltando com o respeito a todos que ali estavam, notadamente com seus superiores. E num ato de insanidade partiu em direção à residência do Governador para que fosse assinado, aquilo que em sua cabeça seria o seu “direito”. Logicamente, como não fora recebido, viu-se obrigado a devolver os documentos para o setor responsável. Verdade ou não, nos bastidores a história vem sendo contada.
Ação imediata e correta do governador - Assim, o blog assistiu à ação imediata do governador do Estado em determinar a verificação de tudo o que havia sido feito pela PM através da Procuradoria Geral do Estado, suspendendo, inclusive, a promoção aqui em pauta.
Ainda nos bastidores, comenta-se que o insensato oficial tratou de propagar, inclusive antes da feitura do rito, a sua promoção como Algo Certo, Concreto contribuindo, assim, para a desmotivação e descrença dos demais integrantes oficiais. Ele, como detentor de cargo no Governo, espalhando aos ventos essa pseudo-informação, resgatava uma lógica perversa e antiga de alguns “des-governos”, não reconhecendo inclusive o Governo a que pertence, que desde os seus primeiros atos, pôs fim aos desmandos que existiam na PM sergipana.
O blog sabe que todos policiais têm direito à promoção. O que está posto aqui é a falta de ética, o narcisismo insano, o descumprimento da lei, bem como, o não reconhecimento das responsabilidades que um cargo de relevância no governo exige ao seu detentor.
Que exemplos ficarão perpetuados para os demais círculos da Corporação PM? Os dos valores ou os das intervenções descabidas e desrespeitosas daqueles que, no desvario da prepotência, acham-se superiores a tudo e a todos? Verdadeiramente, este homem está habilitado e capacitado a exercer tal cargo, pondo em cheque os ritos legais, pessoas, doutrinas, esperanças e sonhos? Que conceito de ética esse profissional inspirará naqueles que estiverem sobre o seu comando? Serão essas atitudes que os sergipanos desejam dos futuros comandantes da Polícia Militar?
Que cultura pretende-se confirmar na PM sergipana? A do mando fundamentado na lei, ou a de desmando, descrença, desrespeito à sociedade, às normas, às autoridades, aos pares?
É preciso ter ciência que o direito privado de cada um, sempre se subordinará ao direito da coletividade. Será que se esse Oficial estivesse sofrendo as consequências dessas atitudes insensatas e descabidas ficaria satisfeito?
Essas são as perguntas que retratam a indignação da Oficialidade Sergipana.
Assim sendo, é hora de reflexão!
“Se não se espera, não se encontra o inesperado”. Heráclito de Éfeso
Obs: o blog conversou com diversos integrantes da PM/SE, desde oficiais que estão na lista para promoções, a outros, que não estão na disputa, como também soldados e cabos. A intenção do blog é uma só: defender uma instituição que orgulha todos os sergipanos, por isso prefere não expor nomes. Volta a repetir: o direito da coletividade tem que ser prioridade sempre.
Fonte: Blog do jornalista Cláudio Nunes
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