terça-feira, 17 de setembro de 2013

ESTRESSE, SEDENTARISMO E O ESTILO DE VIDA DO POLICIAL MILITAR.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a maior fonte de estresse para os adultos é a atividade profissional. Descrito como uma “epidemia global” o estresse é classificado como doença, tendo seu código próprio na Classificação Internacional de Doenças (CID-F. 43).

As cargas emocionais presentes nas relações de trabalho e a subsequente cascata de sinalização hormonal causada pela exposição a fatores estressantes faz com que o organismo saia da homeostase e, a partir daí, surgem sintomas específicos.

Lipp (2000) observa alguns sinais e sintomas de estresse que são divididos em dois grupos: 1) sintomas físicos, que compreendem a tensão muscular, mãos e pés frios, boca seca, ansiedade, insônia, aumento da pressão arterial, suor exagerado, mudança de apetite, nó no estômago, perda de memória, formigamento das mãos e pés, cansaço constante, entre outros; 2) sintomas psíquicos, como sensibilidade emotiva, perda de senso de humor, angústia, pensamento fixo, vontade de fugir, raiva ou depressão prolongada, irritabilidade sem causa, dúvidas quanto a si mesmo, pesadelos e sensação de incompetência.

Em cada tipo de trabalho os sintomas do estresse manifestam-se de forma proporcional ao nível de exposição aos fatores de risco. O ambiente profissional do Policial Militar apresenta características próprias, devido o seu envolvimento em ocorrências de magnitudes variadas (acidentes, assaltos, confrontos armados entre outros). A rotina instável dessa profissão expõe os policiais a níveis elevados de estresse durante e após a jornada de trabalho que, em muitos casos, é estendida para ambientes fora dos turnos de serviço.

Spielberger (1981) e Collins (2003) mencionam que os policiais estão entre os profissionais que mais sofrem de estresse, pois estão constantemente expostos ao perigo e à agressão, devendo, frequentemente, intervir em situações críticas de muito conflito e tensão, criando assim uma atmosfera propicia ao surgimento de doenças relacionadas.

Algumas enfermidades exibem grande associação com o estresse, entre elas pode-se citar: as gastrites e úlceras digestivas, crises de hemorroidas, hipertensão arterial, artrites reumáticas e reumatoides, doenças renais, afecções dermatológicas de cunho inflamatório, dificuldades emocionais, alterações metabólicas, perturbações sexuais, alergia, infecções, entre outras (FRANÇA; RODRIGUES, 1997).

Ademais, dados de uma pesquisa realizada entre os Policiais Militares do 1º Batalhão de Polícia Militar de Feira de Santana-BA, antes da nova composição em Companhias Independentes, demonstraram, entre outras questões, altas taxas de excesso de peso (60,4%) (FERREIRA et al., 2009), baixo nível habitual de atividade física (37%) (JESUS et al., 2009), e de predisposição para desenvolver resistência insulínica, predita através da circunferência da cintura (31%) (JESUS; JESUS, 2010) revelam o perfil de risco cardiovascular e metabólico desses trabalhadores. Sabe-se que essas questões associadas a elevados níveis de estresse, podem gerar adoecimento precoce entre esses policiais, ficando evidente a necessidade da adoção de medidas para conter o adoecimento da tropa.

Na literatura, o nível de estresse entre profissionais da segurança pública ainda é muito pouco estudado. Porém, numa pesquisa realizada com 1.152 Policiais Militares, divididos em vários níveis hierárquicos, no estado de Minas Gerais, foram identificados níveis variados de estresse em 100% da amostra, sendo que as mulheres apresentaram mais manifestações físicas (MORAES; MARQUES; PEREIRA, 2000).

A cidadania dos policiais, suas condições de vida, de saúde e de trabalho são questões emergentes na investigação científica e devem servir como parâmetro para a implementação de programas de atividades que diminuam o impacto desta atividade laboral na vida de seus agentes (SOUZA; MINAYO, 2005).

Fonte:  Abordagem Policial (Evanilson Ferreira)

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