Luiz Mendonça depõe durante julgamento de réus (Fotos: Portal Infonet)
“Me senti até confortável com o balançar do carro”. Esta foi a declaração do desembargador Luiz Mendonça, ao se referir aos tiros dados contra o seu veículo no dia do atentando, ocorrido em agosto de 2010. O hilário depoimento foi dado durante o julgamento, que está acontecendo nesta quarta-feira, 09, no Fórum Gumercindo Bessa, ao relatar os momentos vividos no dia do crime. Onze testemunhas serão ouvidas durante o julgamento. Se condenados, os réus devem pegar no mínimo 60 anos de prisão.
Os réus do processo, Alessandro de Souza Cavalcante (Billy) e Clodoaldo de Souza Cavalcante, aguardam para serem ouvidos e julgados. Os promotores de acusação Rogério Ferreira da Silva e Djaniro Jonas interrogavam o desembargador, que, baseado no inquérito policial que investigou o caso, relacionou o crime ao empresário Floro Calheiros, morto em 2011.
Em seu depoimento, o desembargador Luiz Mendonça relatou que ao sentir que estava sendo alvejado tentou se desvencilhar das balas deitando no assoalho do carro e contou o que ocorreu no dia do crime: “Eu senti alguma coisa queimando nas costas e desci para o assoalho do carro, quando senti uma sequencia de balas. O impacto era tão grande que o carro balançava, de forma que me senti confortável com o carro balançando. Não me recordo se foram três ou quatro pessoas que atiraram contra o carro, porque meu campo de visão era muito pouco. Mas sei que utilizaram escopeta e um 380”, relatou.
Questionado pela promotoria se de houve reação aos tiros, o desembargador disse que responderia no final do seu depoimento, mas para defesa, no entanto, Luiz Mendonça respondeu que sim. “Eu utilizei uma pistola submetralhadora que estava no carro”, declarou o desembargador.
Mudança de rotina
O desembargador confirmou ainda, que após o ter sofrido a tentativa de assassinato, sua rotina mudou e agora se resume a idas ao trabalho e para sua residência, de onde desenvolve os trabalhos de cunho pessoal. “A rotina foi mudada porque os trabalhos da polícia durante a investigação recomendava uma cautela maior, um atuação mais distante para não correr risco de vida”, diz.
Cabo Jailton
Para o julgamento do caso, a esposa do cabo Jailton, Eliane Santos de Jesus, alvejado durante o atentado ao desembargador, irá testemunhar. Segundo Mendonça, a situação do cabo é delicada. " Nos contatos que eu tenho com ele vejo que ele tem dificuldade para falar, mas ele compreende as perguntas objetivas”, conta.
Defesa
Para a defesa dos réus, o advogado pernambucano, Luiz Fernando, o desembargador não conseguiu responder as pergunta com precisão. Segundo ele, muitos detalhes sobre o caso ainda serão expostos durante o julgamento. “Querem dar chutes de cachorro morto, pois o julgamento é das duas pessoas que serão julgadas aqui, mas parecem que esqueceram disso. O desembargador Luiz Mendonça não conseguiu explicar a diferença entre pistola e submetralhadora. Outro detalhe é que mudaram o depoimento dele e o dos acusados não foi. Vamos nos ater a esse detalhe em plenário. A defesa se ateve a utilização da arma porque é um fato relevante, pois se ele atirou com a submetralhadora ou uma pistola, eu vou provar, pois ele já disse em depoimento que usa uma arma em sua pasta. Isso já mostra que há uma tendência em produzir fatos para condenar uma pessoa”, defende.
Acusação
Para a promotoria de acusação, os documentos baseados em depoimentos e perícias serão apresentados em plenário. “No julgamento de hoje os documentos apresentados com depoimentos periciais que provavelmente será reproduzida em plenário. A coleta de provas é fruto do trabalho onde a polícia e o Ministério Público confia neste trabalho. Mesmo com o inquérito se alongado, as provas são muito significativas e a polícia foi feliz em fechar todas as possibilidades no que diz respeito a autoria do fato. Estamos convictos que aquilo que foi produzido na fase do inquérito policial será suficiente o bastante para que a sentença faça uma deliberação no sentido de condenar os acusados, permitindo ao poder judiciário que aplique uma pena de acordo com os crimes praticados”, espera o promotor de Justiça, Rogério Ferreira.
Fonte: Infonet (Eliene Andrade)
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