Policial responsável pela prisão da dupla chegando à Delegacia Especial de Turismo (Fotos: Aldaci de Souza/Portal Infonet)
Policiais militares que participaram da prisão de Ítalo Bruno Araújo Fonseca e do amigo Eduardo Aragão [o primeiro, enteado do secretário de Estado da Segurança Pública João Eloy e o segundo, que seria funcionário], prestaram depoimento no final da manhã desta sexta-feira, 30, ao delegado Valter Simas, da Delegacia Especial de Turismo.
Sem mostrar o rosto e preferindo não ser identificado, o policial diz ter feito o correto
Na sala de espera, um deles relatou ao Portal Infonet como foram as prisões, após denúncias de tentativa de assalto ao Ciosp, na madrugada do domingo, 23 na Passarela do Caranguejo, Orla da Atalaia.
“Eu estava fazendo o patrulhamento [ronda] com mais dois colegas, quando recebemos a informação do Ciosp dando conta de que dois rapazes em uma Amarok branca tentaram assaltar um taxista na Orlinha da Coroa do Meio. Fomos até o local. Lá não encontramos nenhuma Amarok e nem o taxista. Entrei em contato com o Ciosp e comuniquei que estava encerrando a ocorrência”, conta o policial que prefere não ser identificado.
De acordo com ele, após uns 15 minutos, voltaram a ser acionados pelo Ciosp.
“Eles estavam visualizando nas câmeras do Ciosp, uma Amarok Branca com as mesmas características da que foi denunciada pelo taxista, só que dessa vez na Passarela do Caranguejo. Nos deslocamos até lá e quando chegamos presenciamos Ítalo Bruno dentro do carro e o colega com um fuzil na mão. Com isso, eu pedi reforço e ficamos no carro. Nisso, o Ciosp comunicou que estava o número do celular do taxista. Meu colega ligou e o taxista disse que ia fazer o reconhecimento. Quando os outros policiais chegaram eu dei a voz de prisão aos dois. Ítalo se identificou como filho do secretário João Eloy e o colega, Eduardo Aragão que se apresentou como policial civil”, continua.
Reconhecimento
O policial militar explicou ainda que até que o taxista chegasse à Passarela do Caranguejo, ele abordou o enteado de João Eloy. “Eu perguntei se ele e o amigo tinham tentado assaltar o taxista na Coroa do Meio e ele respondeu que não. Insisti e ele disse não estar sabendo do que se tratava. Foi quando o taxista chegou e já foi apontando para Ítalo dizendo que ele tinha utilizado uma pistola e uma lanterna na tentativa de assalto. Procurei na Amarok e encontrei duas pistolas 940, uma bereta e vasta munição. Informamos ao Ciosp dando conta da situação, que era um policial civil com um fuzil e o filho do secretário, ligamos para o comandante da guarnição e ele pediu que os encaminhássemos à Delegacia Plantonista”, diz.
Segundo ainda o policial, quando chegaram na Delegacia Plantonista já encontraram um advogado e algumas pessoas por parte do secretário. “Relatamos todo o ocorrido ao delegado, fizemos o Relatório e foi quando se descobriu que a carteira utilizada por Eduardo Aragão é falsa e que ao invés de policial civil ele é funcionário de João Eloy. Fizemos o nosso Relatório (Robe), peguei todas as armas e as munições e passei para o delegado, que assinou e encerramos o nosso trabalho por volta das 8h do domingo, 24”, acrescenta.
Indagado pelo Portal Infonet se estava temendo alguma retaliação, o policial foi enfático: “De jeito nenhum, pelo menos do meu Comando eu tenho certeza que não, até porque eu trabalho conforme a lei. Estou tranqüilo, de cabeça erguida. Assim como entendo que o secretário não pode pagar pelo erro do filho, tenho absoluta certeza que fiz o trabalho que a polícia me ensinou, agi conforme a lei”.
O Portal Infonet buscou informações quanto a passagem do enteado de João Eloy e do amigo pela polícia e não encontrou nada que os afetasse durante a lei.
Mudança
O Portal Infonet foi informado que no depoimento do taxista, o delegado Augusto César Oliveira, teria tentado mudar alegando que a Amarok vista por possíveis assaltantes seria preta. Não conseguimos ouvir o delegado, mas continuamos a disposição para quaisquer esclarecimentos pelo telefone 2106-8000 ou pelo e-mail: jornalismo@infonet.com.br
O delegado Valter Simas está dando continuidade aos depoimentos das testemunhas e pretende concluir o inquérito em 30 dias. As armas e as munições apreendidas com a dupla estão na Delegacia Especial de Turismo.
O assessor de Comunicação da Secretaria de Segurança Pública de Sergipe, Sérgio Freire informou ao Portal Infonet, que Eduardo Aragão não é funcionário do secretário João Eloy.
Por Aldaci de Souza
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