Pauta garantida em qualquer grande jornal, a violência é tema recorrente nos noticiários, e quando extrapola os limites do que se tem como “normalidade” é sinal que o alerta precisa ser reforçado, em busca de providências. Em 2011, o The New York Times, que dispensa apresentações, produziu reportagem sobre a violência no Nordeste, com foco especial em Salvador-BA. No último 30/05 foi a vez do Rio de Janeiro figurar em mais uma matéria sobre criminalidade, dada a proximidade da Copa do Mundo.
Entre outras constatações, e apesar das oscilações frequentes, os jornalistas vincularam uma expressiva redução dos homicídios, no comparativo entre 2007 e 2013, com o incremento significativo de efetivo. Nesse intervalo, segundo a reportagem, a PMERJ acrescentou cerca de 10 mil homens às suas fileiras, saltando de 37 para mais de 47 mil integrantes. Sabe-se que os problemas da segurança pública não se resumem a este aspecto, porém deve ser consenso que, se apenas o aumento do efetivo não resolve, a falta dele seguramente atrapalha no combate ao crime.
Em entrevista ao jornal A Tarde de 01/06, Jaques Wagner, Governador da Bahia, destaca que foi responsável pela contratação de mais de 14 mil policiais ao longo dos seus anos de governo. Apesar desse dado, logo adiante confirma o que já se sabe: hoje o total está em 31 mil, aproximadamente o mesmo de uma década atrás. Logo, as contratações malmente foram capazes de repor as constantes reduções, que são naturais e previsíveis. Será que esse fator não compromete o alcance de melhores resultados? O que o exemplo do parágrafo anterior tem a nos ensinar?
Aí entra a constatação curiosa do cientista social Luiz Cláudio Lourenço, mineiro dedicado a estudos na sociologia do aprisionamento na Bahia. Na mesma edição do jornal estadual, em entrevista à revista Muito, que acompanha o encarte de domingo, assevera: “As duas greves da PM na Bahia mostraram que a polícia não é necessariamente parte da solução, mas do problema”. Mais adiante, propõe: “Eu acredito que nós temos que começar a pensar na ‘despoliciação’ da sociedade”.
Diante de tanta celeuma, a quem dar ouvidos?
Fonte: Abordagem Policial
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