Falhas na rede elétrica podem ter causado o princípio de incêndio registrado sábado de manhã em um depósito de tecidos que fica ao lado do Hospital de Cirurgia, no bairro Cirurgia (zona centro de Aracaju). O fogo começou por volta das 9h30 em uma rede de tubulação de exaustor utilizada para ventilação do galpão. Em seguida, ele se alastrou pelo espaço, utilizado para higienizar e armazenar milhares de lençóis e travesseiros do hospital. Assustados com a coluna de fumaça que se formou, os servidores avisaram ao Corpo de Bombeiros. Em cerca de 20 minutos, três viaturas de emergência e nove soldados chegaram ao local.
O capitão Cleiton, que comandou os trabalhos no Cirurgia, conversou com funcionários do galpão e não descartou a possibilidade da falta de manutenção também ter contribuído com o incêndio. No entanto, ele disse que as causas serão apuradas e confirmadas com a realização de uma perícia técnica. Testemunhas informaram que todos os extintores do local foram usados para tentar apagar o fogo, mas ninguém conseguiu. Os bombeiros ainda ficaram no local até o fim da manhã e chegaram a controlar um foco de recomeço do incêndio. As ruas do entorno do Cirurgia chegaram a ser interditadas por agentes da Superintendência Municipal de Transporte e Transito (SMTT).
Durante a vistoria, o efetivo foi informado que o gerente responsável pelo departamento de manutenção do hospital foi contra ligar para o Ciosp. Essa atitude, segundo explicações do capitão, é constante e pode causar situações de maior proporção. "Felizmente, hoje não foi o caso, mas acreditamos que de fato isso possa ter ocorrido. Esse tipo de atitude só atrapalha o trabalho da gente e põe em risco a vida de todos, além, claro, da estrutura física", declarou.
Sobre as medidas a serem adotadas pela gerência do Cirurgia, Cleiton exigiu a interdição imediata e por tempo indeterminado do exaustor que apresentou a pane. A tendência é que todo o sistema seja revisado é a turbina danificada seja toda trocada. "É necessário que seja feita uma avaliação geral de todo o sistema elétrico e nos demais exaustores que não foram danificados. O Corpo de Bombeiros está disposto a contribuir com essa melhoria e o nosso relatório já irá ajudar a adotar medidas emergenciais que inibam que outros acidentes desse tipo sejam registrados. Em caso de ocorrências não esperem, entrem em contato com a gente para evitar agravamento do caso", pontuou.
Manutenção - Segundo uma funcionária que preferiu não se identificar, a falta de manutenção nos exaustores é constante e a lã que sai dos tecidos acaba se acumulando nas turbinas. Há 22 anos trabalhando no local, ela garante que estes equipamentos foram limpos poucas vezes e que, por isso, parte dos funcionários trabalha com receio. "Essa foi a primeira vez que a gente passa por uma situação dessa, mas foi sorte. Digo isso porque aqui não tem limpeza e manutenção. Se forem fazer uma vistoria mesmo vão perceber que aí dentro está cheio de lã e por isso que o fogo se expandiu rápido. Mesmo depois de tanta água o fogo ainda conseguiu voltar. Isso mostra o quanto isso aí está sujo", disse ela.
Outro servidor não identificado demonstrou esperança de que melhorias estruturais aconteçam após o incêndio. "Espero que agora, depois de quase causar uma tragédia aqui, o pessoal da manutenção tenha mais interesse em melhorar isso aqui. Não sei de a culpa é só do departamento de manutenção, mas todo esse espaço precisa de melhoria, é de conhecimento de todos os diretores e coordenadores, e ninguém até agora não tinha mexido um palmo pra evitar acidentes. O resultado está aí", lamentou ele.
O resultado do laudo dos Bombeiros deve ser apresentado oficialmente em até 15 dias úteis. Nele, devem ser analisados o tipo de extintor usado no local, a praticidade em pegar esses kits contra incêndios, as condições estruturais do exaustor e o estado físico da fiação do depósito e de todo o hospital.
Fonte: Jornal do Dia (Milton Alves Júnior)
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