quinta-feira, 30 de outubro de 2014

QUANDO MEXE NO BOLSO.


A parte que mais afeta o ser humano é o bolso. É o que existe de mais sensível. Quando se mexe nele não há quem fique em silêncio. Ontem foram divulgadas duas noticias que vão mexer com esse “órgão” dolorido do cidadão: uma em Brasília, quando o Banco Central anunciou aumento da taxa Selic, que joga os juros para o alto. A outra em Sergipe, com o Governo tendo que fazer uma ginástica para pagar parte do salário do servidor público.

A partir de hoje o pagamento será integral a servidores da Educação. Mas, já amanhã, todos os funcionários públicos, aposentados e pensionistas que recebem acima de R$ 1.500,00, só terão depositados em suas contas esse valor. Para quem tem salário inferior a esse teto estipulado, não haverá problema. Para chegar a essa decisão ocorreram várias reuniões, até se concluir que não poderiam ousar mais que isso. Ao adotar essa medida, o governador Jackson Barreto (PMDB) sabia da exposição às críticas, principalmente porque ocorria logo após sua reeleição.

Até 11 de novembro – na terça-feira da próxima semana – o restante dos salários será pago integralmente e a promessa é de que não haverá mais problema. Lógico que não se pode justificar nada, mas a antecipação dos royalties da Petrobrás foi autorizada pela Assembléia Legislativa há mais de uma semana. A burocracia bancária para depósito da grana fez com que não ocorresse a tempo para integralizar a folha de pagamento.

Dá para avaliar que a oposição esteja com a faca, o queijo e um bom vinho para brindar esse gol contra pós-eleição e vai lamentar, junto ao servidor, o que demonstra ser um ato falho do Governo. O próprio Jackson sabe que não seria diferente e se expôs ao risco, na esperança de poder consertá-lo mais adiante, para que uma questão melindrosa desse porte não se repita outras vezes em seu Governo.

A maioria dos servidores está possessa. Sabe que os compromissos não esperam e estão sem economizar críticas ao governador reeleito, principalmente porque se trata de um fato que ocorre no final de uma eleição. As insinuações são de todos os tamanhos e não há forma de convencê-los ao contrário. Até o pagamento do restante do salário, isso será a onda do momento, onde surfam setores importantes da oposição e até servidores que serviram seu voto a JB.

Jackson Barreto vai assumir um Governo que se ressente de problemas econômicos, com queda na arrecadação e no Fundo de Participação Estadual (FPE), em que se encontra à beira do limite prudencial exigido pela Lei de Responsabilidade Fiscal (PRF). Ele tem uma noção clara do que vai enfrentar pela frente e sabe que terá de adotar medidas pouco simpáticas para iniciar um projeto que possa aliviar, em termos de governabilidade, no próximo ano.

Uma comissão para reforma administrativa já está trabalhando e, na próxima semana, JB anuncia contenção severa de gastos, com redução do custeio. A ordem é economizar, para que não ocorra mais atrasos no pagamento do servidor. Atrasar salários é o que existe de pior para qualquer Governo. Também, já na próxima semana, o governador envia à Assembleia Legislativa projeto que pede extinção e fusão de secretarias, bem como de alguns órgãos que não atendem o seu projeto de Governo.

A informação é que haverá cortes na própria carne.

É verdade que nada disso justifica o atraso salarial. É muito grave! Serve de desânimo aos que trabalham e levanta dúvidas quanto ao futuro, principalmente quando se sabe que o ano de 2015 terá como ordem principal “apertar os cintos”. Não será fácil conviver com essa perspectiva, apesar de que os cortes que serão feitos podem levar o Estado a economizar R$ 30 milhões por mês e faça caixa sempre prevendo o pior.

Quanto à oposição, ela está lembrando que avisou antes e lamenta que o eleitor não acreditou. É o seu papel...

Fonte:  Faxaju (Diógenes Brayner)

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