Por intermédio do portal de notícias do governo, o secretário de Justiça de Sergipe, João Eloy, divulgou dados sobre os investimentos em segurança nos últimos anos no estado. De acordo com ele, de 2007 a 2014, foram investidos cerca de R$ 80,8 milhões no fortalecimento das ações de prevenção e enfrentamento à violência e à criminalidade em Sergipe, sem falar nos valores dos convênios entre a Secretaria de Segurança Pública (SSP) e a União, que triplicaram nos últimos quatro anos.
Para o secretário, todo esse investimento financeiro resultou em maior eficiência e eficácia nas ações conjuntas entre as forças policiais em Sergipe, onde foi registrado um grande aumento nas apreensões de drogas, realização de abordagens, prisões em flagrante, recuperação de veículos roubados, emissão de laudos periciais e a instauração de inquéritos criminais.
Por outro lado, o cidadão aracajuano vive cada vez mais assustado com a onda de violência na capital. F5News conversou com várias pessoas sobre a questão da segurança e as respostas foram as mesmas, “precisa melhorar”, “está ruim”, e a pior: “não existe segurança”. Alguns ainda disseram que até veem mais viaturas nas ruas, mas isso não é suficiente para dar conta da bandidagem que está solta e crescendo consideravelmente.
No Conjunto Leite Neto, que fica no bairro Jardins, a situação anda tão fora de controle que os moradores estão organizando um abaixo assinado para pedir por segurança. Segundo a advogada Melba Rosa, que está organizando o documento, são muitos os relatos de assaltos com arma de fogo na região. “A gente já chega em casa com medo, ontem levaram o carro de uma vizinha quando ela estava entrando na garagem de casa, semana passada algo parecido aconteceu em outra rua, o comércio também tem sofrido muito”, lamenta.
Um dos objetivos do abaixo assinado é pleitear junto à Prefeitura um módulo da guarda municipal, já que só a 1ª Delegacia Metropolitana, que fica no conjunto, não tem dado conta. “Temos duas escolas no conjunto que são frequentadas em sua maioria por crianças e adolescentes do conjunto, mas as mães andam apavoradas pelo crescente número de roubos e assaltos”, disse Melba.
Quem vive situação parecida são os moradores do conjunto Orlando Dantas, no bairro São Conrado Araújo, zona Sul da capital. Lá o comércio tem sido alvo constante da ação de marginais, que nem a igreja têm poupado. Na farmácia em que trabalha dona Vilma Menezes, o atendimento é feito por trás das grades. “É a forma de ter um pouco mais de segurança; durante o dia ainda nos arriscamos a deixar aberto, mas à noite não dá para facilitar”, disse.
Mas segundo o aposentado Leonildo de Barros, os assaltos não têm hora nem lugar para acontecer. “De dia e de noite, eles perderam o medo. Aqui a maioria dos estabelecimentos comerciais já foram assaltados, sem falar em residências e pessoas que são abordadas nas ruas”, informa.
Outra região que sofre com a falta de segurança é o bairro Atalaia. Moradores das ruas Luiz Chagas e Antônio Alves também reclamam. A aposentada Maria Francisca conta que sofreu momentos de terror com uma arma apontada para a cabeça, enquanto segurava no colo a neta de apenas 20 dias. “Estava chegando do médico com minha filha e minha netinha, quando dois marginais aparecerem anunciando o assalto, tudo isso na porta de casa; fiquei muito apavorada, principalmente por conta da minha filha que estava de resguardo e da minha netinha”, lembra.
E essa não foi a única vez que dona Francisca foi assaltada, ela foi vítima outras duas vezes - uma no ponto de ônibus do outro lado da rua em que mora e outra vez próximo a sua casa. “Essa situação é lamentável, a gente vê todo dia a polícia apresentando marginais, falando que prendeu quadrilhas, mas não dá para entender, acho que os marginais estão se multiplicando, ou alguma coisa está errada”, reclamou.
Tudo que a enfermeira Tereza quer depois do trabalho é chegar em casa com segurança e sem preocupação. Ela perdeu a tranquilidade depois de ter sido surpreendida por assaltantes na porta de casa no bairro Atalaia, e hoje vive com medo. “Eu tenho medo de sair e de chegar a minha casa, não podemos aceitar isso, alguém precisa fazer alguma coisa”.
Em muitos desses casos, as vitimas não foram à delegacia para fazer o boletim de ocorrência (BO). Questionadas sobre o motivo, disseram que não ia resolver. Mas fica o alerta, segundo a SSP, o BO é um documento importante, e serve como termômetro para a polícia avaliar a situação de cada localidade e poder agir.
Fonte: F5 News (Aline Aragão)