PM tenta convencer comunidade a sair do terreno (Fotos: Cássia Santana/Portal Infonet)
Os ocupantes estão decididos a resistir à ordem de despejo, que está sendo cumprida desde o início da manhã desta sexta-feira, 7, no Alto da Bela Vista no município de São Cristovão. De acordo com informações da capitã Evangelina de Deus, da 5ª Seção da Polícia Militar, a corporação está preparada para cumprir a ordem judicial pelo despejo das cerca de 105 famílias que ocupam há cerca de cinco anos um terreno de propriedade privada naquela região, que se confunde com a Zona de Expansão de Aracaju. “Só vamos agir quando tivermos certeza que a situação está controlada para evitar um confronto”, ressaltou a capitã.
Um grupo de defensores públicos acompanha a ação da PM no local. “A Defensoria Pública está aqui no local, fazendo o acompanhamento do cumprimento da ordem judicial para que não haja excessos”, justifica o defensor público Raimundo Veiga. “A população diz que vai resistir porque não tem para onde ir e não possui auxílio moradia”, complementa o defensor.
Conforme entendimento judicial, a área é de jurisdição do município de São Cristovão e a ação tramita na 2ª Vara Cível daquela comarca. A assistente social Iraneide Santos de São Pedro, diretora de política de inclusão social do município de São Cristovão, informou que a prefeitura só tomou conhecimento desta ação na quarta-feira da semana passada, 29 de outubro, quando recebeu notificação judicial. “Não sabíamos que havia ação que envolvia a prefeitura”, revelou.
Após notificação, a prefeitura mobilizou uma equipe que está acompanhando o cumprimento da ordem judicial à distância, com a promessa de realizar um cadastro social para analisar o que poderá ser feito. “Estamos apenas dando suporte, atendendo a orientação da polícia militar, é uma ação preventiva, mas vamos realizar o cadastro das famílias para identificar os possíveis encaminhamentos que deverão ser feitos”, observou.
Ocupantes fazem barricada
Tensão
O clima é tenso. Os ocupantes do terreno, que é de propriedade de um geólogo adquirido na década de 1970, montaram uma barricada, colocando fogo em galhos de árvore e material combustível para impedir que a Tropa de Choque se aproxime para fazer cumprir o mandado judicial. Os policiais militares permanecem mobilizados, monitorados pela equipe do Grupamento Tático Aéreo. “Estamos aguardando para ver o que será feito, é uma decisão judicial e não tem muita coisa a ser feita a não ser o cumprimento”, ressaltou o comandante Marcos Carvalho, da 4ª Companhia do 1º Batalhão da PM, responsável pela segurança preventiva daquela área.
Os ocupantes temem os excessos. “A Polícia Militar não pode invadir, chamamos a atenção dos órgãos de defesa dos direitos humanos para não acontecer uma atitude desastrosa”, alerta o líder comunitário Gilberto Oliveira, o Betão, que representa as 105 famílias ocupantes do terreno.
“Queremos apenas uma casa para viver”, desabafou Maria Bárbara Santos Silva, 22, esposa de um presidiário, que possui dois filhos e ocupou aquela área há cerca de cinco anos. “Antes eu morava com minha mãe no bairro novo [17 de Março], mas minha mãe tem seis filhos, eu tenho dois e com meu marido não dá pra morar tudo junto”, justificou.
Entre os ocupantes se destacam muitas crianças que estão posicionadas na frente da barricada, idosos e até deficientes físicos. O clima permanece tenso e a polícia anuncia que a área poderá ser invadida a qualquer momento para retirada dos ocupantes. Esta também é a expectativa do advogado Arnaldo Machado, que representa os interesses do geólogo proprietário do terreno. “O terreno foi adquirido na década de 70, com toda escritura pertinente”, enalteceu o advogado na perspectiva de ver a área desocupada.
Fonte: Infonet (Cássia Santana)
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