Foto: Divulgação
Ponto de ônibus recebe até faixa de alerta para quem utiliza transporte público; manifestação faz parte das ações de moradores de Aracaju
Talvez os números oficiais ainda não reflitam com fidelidade a sensação de insegurança que a população sergipana, e principalmente a aracajuana – onde há maior concentração de pessoas do Estado – tem vivido nos últimos tempos. Os noticiários de televisão, rádio ou jornais estão cheios de casos de roubos, furtos, homicídios ou tentativas e latrocínios, o que tem deixado as pessoas amedrontadas. Estar dentro de casa já não representa estar a salvo das barbáries, pois a invasão a domicílio tem sido outra prática que tem ganhado corpo a cada dia que passa.
“Estava com minha mãe dentro de casa e fomos surpreendidas com um homem, armado, nos ameaçando, colocando o revólver na cabeça de minha mãe, uma senhora de 70 anos de idade para levar o que tínhamos na residência. Ele conseguiu arrombar um cadeado estrela sem fazer o menor barulho ou esforço. Foram momentos terríveis e depois disso nos mudamos, buscamos a ‘segurança’ de um apartamento”, comentou a professora Ariela Farias, que até o acontecido residia no Bairro Ponto Novo.
Do outro lado da cidade, Emanuel Sousa Rocha, um dos diretores da Associação dos Moradores do Bairro América, lamenta que o local, que por algum tempo foi sinônimo de tranquilidade, volte a figurar entre os que não oferecem segurança aos moradores e transeuntes.
“Cansei de bater na mesma tecla, de gritar aos quatro cantos que a região passou a ter um grande número de usuários de drogas, o que iria fazer com que crescessem também os índices de outros tipos de crimes, mas todos ligados à venda e consumo de drogas. Infelizmente não me ouviram, não fizeram nada, e agora estamos numa situação complicada”, declarou Emanuel Sousa. Ele lembra que até o ano 2007 o bairro era sinônimo de tranquilidade, pois tinha muito presente a figura da polícia comunitária, mas não por ter sido fruto de uma ação do comando da PMSE, mas sim pelo esforço e luta do antigo responsável pelos Capuchinhos, o frei Raimundo. Dentre os crimes que mais têm ocorrido nas ruas do América estão o de roubo a motos, e o uso de moto por pessoas armadas.
“Só que depois de 2007 entra comandante e sai comandante e parece que eles não gostam muito da filosofia de polícia comunitária não, tanto que, agora, qualquer problema que aconteça na comunidade, mesmo os dois PMs estando no local, a ordem é ligar primeiro para o Ciosp para que sejam liberados para a ocorrência”, reclamou. Segundo ele, a população, de um modo geral, está tão desprotegida que o Fórum de Defesa da Grande Aracaju, entidade da qual ele também faz parte, já estuda realizar, a partir de janeiro, grandes seminários sobre segurança pública, tanto para envolver ainda mais a sociedade nesta discussão quanto para tentar encontrar meios para que este problema seja reduzido.
Ampla Atuação Criminal
“Infelizmente não tenho números para comprovar estatisticamente o que digo, mas certeza que os casos de violência têm aumentado muito nas zonas Oeste e Norte da cidade, e de maneira mais agressiva na Zona de Expansão da capital”, comentou Emanuel Sousa. E quem embasa esse depoimento é Karina Drummond, presidente do Conselho das Associações de Moradores da Zona de Expansão de Aracaju. Segundo ela, a situação está tão caótica que há aproximadamente 15 dias os moradores fizeram ato para expor as fragilidades a que estão expostos e cobrar das autoridades constituídas ações para a melhoria da segurança na região.
A pauta de reivindicação era recheada por itens, como exigir que os novos parlamentares, que tomarão posse em janeiro próximo, revejam o código penal; implantação da iluminação de praças e logradouros – inclusive em cumprimento a uma liminar conseguida pelo Ministério Público Estadual, que dava 30 dias para que praças, ruas e avenidas da Expansão, e ainda a rota de fuga fossem completamente iluminadas, liminar que não foi atendida; cobrar dos proprietários dos donos de terrenos baldios, abandonados ou não, que tomem providências quanto à limpeza e proteção da área.
Foi ponto de pauta ainda que os poderes públicos constituídos façam algo para evitar a ocupação irregular e desordenada das áreas da Zona de Expansão, pois, de acordo com os moradores, em meio a essas ocupações existem pessoas de má índole que se aproveitam do movimento para cometer delitos. “Defendemos ainda que os policiais militares estejam nas ruas e não nos gabinetes e repartições públicas, pois enquanto um prédio está completamente seguro, nós, cidadãos, que pagamos essa conta, estamos jogados à própria sorte”, disparou Karina Drummond.
Todas essas reivindicações, segundo ela, são para fazer com que sejam ou completamente exterminados, ou pelo menos reduzidos, os índices de assaltos e furtos residências, transeuntes e ônibus e os assassinatos, ocorrências que têm se tornado constantes no cotidiano de quem mora no Mosqueiro, Robalo, Brisa Mar e adjacências. Até faixa alertando para a ocorrência de assaltos já foi colocada (e ainda permanece) em um dos pontos de parada de ônibus da área.
Karina Drummond recorda que a quantidade desses crimes já foi bem menor quando viaturas da Radiopatrulha e do Getam faziam rondas mais efetivas na localidade. Com base nisso, uma das ações que ela considera como eficiente nesse combate à insegurança seria a realização de blitz, mesmo que pelas polícias de trânsito, pois essa presença iria certamente coibir a circulação de criminosos.
Fonte: Jornal da Cidade
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