Depois dos policiais militares, agora são os taxistas que demonstram comoção e revolta pelo assassinato de um colega de profissão em Aracaju. Carlos Augusto de Almeida Menezes, 51 anos, que trabalhava para a empresa Tele-Táxi, foi encontrado morto por volta das 8h40 de ontem na Rodovia José Sarney, na Aruana (zona de expansão), em um local conhecido como "Banho Doce". Ele estava sendo procurado desde o fim da noite de segunda-feira, quando fazia ponto com colegas na Farolândia (zona sul), em frente a um campus da Universidade Tiradentes (Unit), de onde saiu para fazer uma corrida.
O cadáver estava jogado em uma área de vegetação da praia e foi descoberto por pessoas que faziam caminhada no local e chamaram a polícia. Carlos Augusto ainda vestia o uniforme da empresa e tinha duas marcas de tiros, sendo uma no peito e outra nas costas. O corpo foi reconhecido por um irmão da vítima, que, mesmo abalado, chegou a ajudar os dois funcionários do Instituto Médico-Legal (IML) que foram enviados para recolher o corpo. O carro da vítima, um VW Voyage de cor branca e placa OZB-9013/SE, não estava no local e só foi encontrado por volta das 17h, sem as placas, em frente ao Condomínio Estrela do Mar, na Atalaia (zona sul).
Uma equipe do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) esteve no local e levantou as primeiras pistas. De acordo com o delegado Antônio Sérgio Pinto, o sumiço do carro e a forma como o corpo foi encontrado dão a indicação de que a morte do taxista pode ter sido um latrocínio (roubo seguido de morte) cometido em outro local da cidade. "Há indício de latrocínio, pela questão do veículo estar desaparecido e de alguns pessoais dele não terem sido encontrados no local. Os peritos não encontraram nenhum sinal no chão, nem mesmo marcas de sangue, deixando transparecer que o corpo foi apenas jogado aqui [no Banho Doce]. Acreditamos que o crime tenha ocorrido entre meia-noite e 1h da manhã", disse Sérgio.
As suspeitas de latrocínio são ainda mais fortes por causa do relato de taxistas que tiveram contato com Augusto pela última vez. Eles contam que o último contato feito pela vítima com a central de rádio da Tele-Táxi foi por volta das 19h, quando ele foi localizado e acionado para levar um casal de turistas do Aeroporto Santa Maria até um hotel da Orla de Atalaia. Depois de deixar os clientes, ele foi para o ponto em frente à Unit da Farolândia e ficou quase uma hora e meia, até ser abordado por duas mulheres que teriam saído da universidade.
"De 20h até 21h20, quando ele pegou a última corrida, nós ficamos lá conversando e brincando na fila do taxi. Por volta das 21h20, o Augusto pegou essas duas moças, prováveis estudantes da Unit. Ele 'carregou' elas na minha frente, e depois eu 'carreguei' [saí com passageiros].Me encontrava com ele quase todas as noites. Eu tenho quatro anos de convivência com Augusto e ele era um excelente colega", disse o taxista Jairo Anselmo, um dos que também reconheceram o corpo do colega. Ele acrescenta que os profissionais de rádio táxi podem pegar passageiros nas ruas, como forma de complementar a renda, mas, atualmente, eles têm evitado a prática por causa da violência e dos assaltos.
Augusto também era servidor do Ministério da Saúde e trabalhava como vigilante da sede estadual do órgão, no Centro da capital. O corpo dele começou a ser velado ontem à tarde na Rua Itaporanga (Centro) e será enterrado às 9h de hoje no Cemitério Santa Izabel, no Santo Antônio (zona norte). Os taxistas se reuniram ontem à noite na sede do Sindicato dos Taxistas com o secretário da Segurança Pública, Mendonça Prado, para medidas mais firmes de combate aos crimes cometidos contra a categoria.
Fonte: Jornal do Dia (Gabriel Damásio)
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