Isso porque um dos liberados, o pernambucano William Marinho da Silva, 30 anos, estava em liberdade condicional e era detento do Presídio Aníbal Bruno, em Recife (PE), onde cumpria pena por assalto a bancos. Ontem de manhã, em entrevista à rádio 930 AM, o delegado-geral da Civil, Everton Santos, considerou que "houve falha" de Wellington e informou que ele será substituído na Plantonista e transferido para outra delegacia, enquanto os documentos relativos ao caso são analisados pela corregedora-geral Katarina Feitoza. De acordo com Everton, o plantonista alegou que não havia elementos naquele momento para manter os suspeitos presos.
"O delegado percebeu que, na troca de tiros, não foram apreendidas armas com os delinquentes, não havia vestígios dos impactos [dos tiros] na viatura e nem em outro local. E no momento em que ele foi consultar os dados do carro, segundo ele, o sistema estava fora do ar. O delegado então decidiu de forma errada pela liberação. Se ele não tinha elementos para fazer o flagrante, ele poderia aguardar o amanhecer e mandá-lo para o Cope [Centro de Operações Policiais Especiais], por se tratar de um assaltante de banco de outro estado", avaliou Everton, ao informar que o Cope já tem ordens para fazer a recaptura dele e investigar o motivo de sua presença em Sergipe.
Rogério relatou aos superiores que, por um problema na rede de internet, não conseguiu ter acesso ao sistema de dados do Registro Nacional de Veículos (Renavam). E que, por isso, não sabia que a caminhonete Mitsubishi L 200 verde que estava com William tinha sido roubada no estado do Pará - e cuja placa, registrada como sendo de Alagoas, foi clonada. "Se o veículo é clonado, há o artigo 311 [do Código Penal], que é adulteração de dados de veículo. É um crime inafiançável de reclusão e, por si só, dava pra fazer o flagrante dos indivíduos que estavam no carro. Sem essa ferramenta, segundo o delegado, não havia condições de dizer que havia situação de flagrante", relata o delegado-geral.
Ainda segundo ele, a justificativa apresentada por Wellington foi formalizada em um relatório completo, que foi encaminhado à Corregedoria junto com os autos do procedimento e o Relatório de Ocorrência Policial (ROP) confeccionado pelos policiais militares que agiram na ocorrência. Tanto os PMs quanto o delegado plantonista serão convocados para prestar depoimento na Corregedoria, dentro da sindicância que terá um prazo de 30 dias, a partir da publicação de um despacho da SSP no Diário Oficial do Estado. "A corregedora vai avaliar se a falha dele é passível ou não de uma punição e se ela deve ser leve, grave ou moderada", completou Everton.
Na madrugada do episódio, William Marinho estava acompanhado do sergipano Lucas Santos de Jesus, 25, que não tem passagens pela polícia. De acordo com a PM, os dois estavam com a caminhonete L200 na Avenida Maranhão (zona oeste) e, após serem flagrados em atitude suspeita, foram abordados por soldados do Batalhão de Polícia de Radiopatrulha (BPRp), do Grupamento Especial Tático de Motos (Getam) e 8º Batalhão de Polícia Comunitária (8º BPCom).
Os militares asseguram que, durante a abordagem, os suspeitos reagiram disparando tiros e fugiram, mas acabaram encontrados na Avenida Euclides Figueiredo. Um foi achado nas imediações do Jardim Centenário e o outro estava escondido embaixo de carcaças de veículos em um ferro velho da região. Na caminhonete, foram achados aparelhos celulares, notebooks, chips de celular, R$ 80, e os documentos de uma moto Honda Fun registrada em Recife, entre outros objetos.
Amese cobra - Também na manhã de ontem, a Associação dos Militares de Sergipe (Amese) protocolou um ofício no Ministério Público Estadual (MPE), pedindo que a liberação dos presos seja apurada pelo promotor João Rodrigues Neto, curador do Controle Externo da Atividade Policial do órgão. No documento, a entidade que representa os PMs também anexou fotos e documentos com o relato da ocorrência. O presidente da Amese, sargento Jorge Vieira, classificou a situação como "inadmissível" e considerou que o trabalho dos soldados foi prejudicado com a liberação dos suspeitos. O MPE ainda não decidiu se acolhe a representação ou vai aguardar o resultado da sindicância da Polícia Civil.
Fonte: Jornal do Dia (Gabriel Damásio)
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