terça-feira, 5 de maio de 2015

FERIADÃO TEM 23 HOMICÍDIOS, MAS SSP DIZ QUE NÚMERO CAIU.


O feriadão do Dia do Trabalho foi um dos mais violentos do ano em Sergipe. Entre às 7h de sexta-feira e às 7h de ontem, 23 pessoas foram assassinadas em todo o estado, de um total de 33 mortes violentas registradas pelo Instituto Médico Legal (IML). Deste total, 21 foram mortas a tiros, sendo 12 na Grande Aracaju e as outras 10 no interior. As duas ocorrências restantes foram de mortes por espancamento, ambas ocorridas também na capital.

Apesar da estatística assustadora, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) garante que está estabilizando os índices de homicídios no estado e até conseguiu forçar uma queda agora em 2015. Os dados foram apresentados ontem de manhã pelo secretário Mendonça Prado, durante a coletiva de imprensa que anunciou os novos diretores da Coordenadoria Geral de Perícias (Cogerp), responsável pelos quatro institutos de polícia científica do Estado. De acordo com a estatística da SSP, o mês de abril teve 95 homicídios em Sergipe, contra 110 em março, 108 em fevereiro e 117 em janeiro. Para Mendonça, a taxa de homicídios no Estado está "decrescente", apesar dos crimes do último feriadão.

"Estamos no começo de maio e é certo que tivemos um grande número de homicídios neste início, mas aquele número que vinha aumentando mês a mês, até janeiro, começou um processo de estabilização em fevereiro e até de diminuição agora em abril. Esse número não significa dizer que haverá uma sequencia de meses com diminuição, mas é um indicativo de que a polícia está trabalhando de forma correta e eficiente, e os resultados estão extremamente positivos", afirma o secretário, destacando que irá aguardar a finalização do balanço do trimestre para "avaliar se a segurança pública está melhorando ou não". 

Repercussão - Sobre os crimes do último feriado prolongado, Prado admite que o resultado do plantão "pode ter saído daquelas previsões e probabilidades estatísticas", e que o impacto destes crimes na população foi provocado pela grande repercussão causada por dois crimes ocorridos na noite de sexta-feira: o estupro seguido da morte da menina Dafne Bianca Ferreira Gomes, seis anos, ocorrida no bairro Soledade (zona norte), e o latrocínio contra o ex-prefeito Joaldo Lima de Carvalho, o "Joaldo da Laranjeira", 63, em Itabaianinha (Sul). "Infelizmente, a repercussão destes dois crimes bárbaros, que angustiaram a sociedade, faz parecer que a criminalidade aumentou no estado, mas na verdade os números indicam que ela diminuiu", justifica Mendonça.

"Joaldo da Laranjeira" foi morto em sua fazenda, no povoado Terra Vermelha, invadida por nove homens armados que também renderam a esposa dele, uma cunhada e um vaqueiro da fazenda. Segundo a polícia, os criminosos tentaram roubar um suposto cofre existente na propriedade, mas dispararam um tiro de escopeta que matou o político na hora. Testemunhas afirmam que o tiro teria sido acidental e que os criminosos fugiram assustados, mas a polícia de Itabaianinha não descarta totalmente a hipótese de assalto seguido de morte. O enterro de Joaldo, no sábado, comoveu a população da cidade e atraiu grandes políticos do estado, incluindo o vice-governador Belivaldo Chagas (PSB), que representou o governador Jackson Barreto (PMDB).

O crime da periferia de Aracaju, por sua vez, foi mais chocante. De acordo com familiares, Dafne havia saído de casa para encontrar o pai, que estava em uma festa na casa de seu tio. No meio do caminho, ela teria sido capturada pelo agressor e levada até um matagal, onde ela foi encontrada morta e com sinais de estupro. Revoltados, os moradores fizeram uma caçada pelas ruas do bairro e capturaram um homem de 21 anos que foi acusado pelo crime. O suspeito foi espancado e apedrejado até morrer, antes da chegada da polícia, e seu corpo, ainda sem identificação, quase foi queimado.  

Sobre estes dois crimes, Mendonça Prado fez questão de garantir que a prioridade da Polícia Civil na resolução dos casos será a mesma. "Há rigor em todas as apurações. Tanto o caso do ex-prefeito, um líder político forte e conceituado, quando a de uma criança da Soledade, integrante de uma família humilde, que foi vítima de um crime bárbaro. Para nós da segurança pública, não tem vítima rica e nem vítima pobre. Todos são vítimas da violência e todos os casos devem ser apurados e elucidados da melhor maneira possível", disse o secretário. As testemunhas dos casos de Itabaianinha e da Soledade começaram a ser ouvidas ontem pela polícia.

Fonte:  Jornal do Dia (Gabriel Damásio)

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