Comandante da PM afirmou que membros da corporação passarão por avaliações anuais e aposta no modelo de Polícia de Proximidade
Sem medo de criticar seus antecessores e velhas práticas, o atual comandante geral da PM, coronel Alberto Pinheiro Neto, promete reorganizar toda a corporação para tentar mudar o atual quadro de descrédito com a população. “O colapso administrativo em que encontrei a PM gerou um grave abalo no sistema operacional e a consequente perda de credibilidade na ponta da linha”, disse Pinheiro Neto, na manhã desta terça-feira (19), em seminário organizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio.
Para mudar, a PM encomendou uma pesquisa para a Universidade de Stanford, na Califórnia. Ela, que será de análise interna, revela, por exemplo, que pouco mais 40% da corporação têm nível superior. “Nosso objetivo é chegar dentro de 15 anos com toda a tropa com nível superior”, disse o tenente-coronel Carballo, da equipe de Pinheiro Neto, que pretende unificar a formação básica do policial e depois direcioná-los a áreas específicas. "O próximo concurso já vai ser nesse molde”, comentou. “Os policiais, dentro de pouco tempo, passarão por avaliações anuais em termos físicos, psicológicos, treinamento para uso de força e capacidade técnica”, afirmou Carballo.
Pinheiro Neto garante que nos cinco meses em que está à frente da corporação, teve que recuperar projetos que tinham sido abandonados nos últimos dois anos, e que isso causou um grave atraso na modernização da polícia. “Queríamos, para 2016, uma polícia de nível internacional, mas não vai dar tempo. Só teremos isso em 2018”, disse. No entanto, Pinheiro Neto afirmou que isso não quer dizer que a segurança dos Jogos Olímpicos estaria comprometida: “Somos especialistas em grande eventos”.
Além de apostar forte na chamada Polícia de Proximidade (que está em teste na região do Grajaú-Vila Isabel-Tijuca, na zona norte do Rio), a PM quer diminuir e enxugar batalhões, melhorar a informatização e formar melhor seus homens. Chefe do Estado Maior, o coronel Robson Rodrigues lembrou ainda os projetos da nova sede do Quartel General e dos Comandos Especiais: “Precisamos estar próximos e acessíveis à comunidade”.
Sobre o processo de pacificação, Robson foi claro: “A pacificação passa pelo chamado freio de arrumação”. Segundo ele, as UPPs no futuro serão parte desse novo modelo de Polícia de Proximidade. “A polícia não vai se transformar numa grande UPP, porque esse é um projeto caro: caro por demandar muitos recursos e muitos homens”, disse. Por isso, o governo irá investir na Polícia de Proximidade, onde cada bairro tem seus policiais exclusivos, que vivem o dia a dia do local: “Essa que é uma vocação original da polícia: estar próxima da comunidade e prevenir. Polícia não pode ficar apenas focada em sistema de metas e em baixar indicadores”, disse.
Pinheiro Neto relatou que, para ter uma administração às claras, afastou de postos de comando policiais que considerava despreparados. Mandou recado também a outros setores da administração pública sobre que papel devem ter no processo de pacificação de comunidades. “Pedi ao Governador que outros setores tenham bem definidos sua parcela de contribuição, tanto no social quanto na ordem urbana”, lembrou. “Em um momento próximo, vamos estar de pé, fortalecidos”, afirma.
Fonte: Terra
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