terça-feira, 26 de maio de 2015

"O DESAFIO PESOU", DIZ CORONEL SOBRE FORÇA NACIONAL.

Ex-comandante da Polícia Militar de Santa Catarina terá organização da segurança nas Olimpíadas do Rio como uma das principais tarefas

Coronel Nazareno Marcineiro assume a Força Nacional no dia 16 de junho
Foto: Rafaela Martins / Agencia RBS

No dia 5 de maio, exatamente um ano depois de deixar o comando da Polícia Militar de Santa Catarina e entrar na reserva, o coronel Nazareno Marcineiro recebeu uma ligação inesperada, às 14h, enquanto descansava em casa. Do outro lado da linha estava a secretária nacional de Segurança Pública, Regina Miki, com um convite e tanto: dirigir a Força Nacional de Segurança.

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Desafio dado, desafio aceito depois de uma visita à capital brasileira e de conversas com a família. Marcineiro assume a Força Nacional no próximo dia 16 de junho, passando a comandar 29 operações em andamento pelo país, como apoio à fiscalização do Ibama no Norte, ações contra o tráfico na tríplice fronteira e combate a uma onde de criminalidade em Alagoas. 

A principal missão, porém, ainda está por vir. Caberá ao coronel catarinense a organização e gestão da segurança nas Olimpíadas do Rio, em 2016, quando o atual efetivo de 1,5 mil homens terá que ter alcançado 8 mil agentes. 

Enquanto prepara a mudança para Brasília, Marcineiro já está se inteirando das atividades da Força Nacional, com conversas constantes com a cúpula da organização e até uma visita da secretária Regina Miki a Florianópolis. 

Nesta segunda-feira, depois de receber o aval oficial do governador Raimundo Colombo para assumir o novo posto, o militar da reserva falou ao Diário Catarinense. 

Quando foi feito o convite para assumir a direção da Força Nacional?
O convite foi uma surpresa muito grande, quase total. No último dia 5 de maio, exatamente um ano depois de ir para a reserva da Polícia Militar, estava descansando quando recebi uma ligação da secretária nacional de Segurança Pública, Regina Miki. Depois de receber o convite fui até Brasília, ver como era a estrutura, o que a Força Nacional tinha. Aí conversei com minha esposa e nesta segunda-feira falei com o governador Colombo, porque embora seja uma função nacional, tem impacto no Estado e precisava do aval dele. Como a acolhida foi boa, aceitei o desafio. 

O que motivou o senhor a aceitar a proposta?
Jamais pensei que voltaria à ativa. Depois que passei pra reserva, fui para a universidade, me dedicar aos estudos, a ministrar aula. Estou com minha vida toda certinha em Florianópolis. Mas o que mais pesou foi o desafio. É uma atividade extremamente complexa e fazer as Olimpíadas ano que vem é um grande desafio. Hoje são 29 missões da Força Nacional espalhadas por todo o país, mas os Jogos no Rio de Janeiro são bastante motivadores. É um evento que não tem todos os anos, ainda mais no Brasil, e teremos que compor um grande efetivo, dos atuais 1,5 mil para 8 mil homens. Além disso, tenho uma ligação com os esportes e veremos nas Olimpíadas os principais atletas do mundo. Gosto de desafios, estou motivado e muito feliz. 

Na sua avaliação, por que a Secretaria Nacional de Segurança Pública escolheu o senhor?
Eu acredito que a vinda do Ministério da Justiça e da Secretaria da Segurança Pública quando ocorreram atentados criminosos em Santa Catarina tenha influenciado a escolha. Eles viram o modelo de gestão usado pela Polícia Militar em Santa Catarina. Na verdade, acho que o Estado como um todo tenha influenciado. Santa Catarina é o Estado mais seguro da federação graças aos profissionais que trabalham aqui, por isso dou crédito desde o secretário até o policial na rua pela lembrança do meu nome. Além disso, minha formação acadêmica para gestão também deve ter pesado. 

Quais as principais diferenças entre comandar a Polícia Militar em um Estado e dirigir a Força Nacional?
A diferença básica é a jurisdição, a abrangência nacional, mas existem outras. A Força Nacional não é uma força militar, ela reúne militares da polícia, dos bombeiros, mastambém policias civis, agentes do Instituto Geral de Perícias. Todos se reúnem para produzir. A organização tem uma complexidade política também, porque são muitas frentes interagindo no direcionamento, por isso é necessário uma desenvoltura nesse aspecto. Há ainda a dificuldade em interagir com os Estados, porque a Força Nacional busca integrantes de todos os lugares. 

Qual marca pretende implantar na gestão da Força Nacional?
Quero reforçar os valores de tropa de elite, de um trabalho diferenciado. Isso precisa ser reforçado. Também gerar ali um procedimento padronizado, pra que não se perca com a mudança de comando, pra que a Força tenha tudo o que é preciso para ser perene. E outro ponto central que pretendo levar é o gerenciamento, usando uma ferramenta que usamos na Polícia Militar de Santa Catarina. É uma lógica de gestão com avaliação de desempenho, a Metodologia Multicritério de Apoio à Decisão _ Construtivista (MCDA-C ), que define indicadores do que se pretende e aí gerencia a melhoria de desempenho a partir daí.

Fonte:  Agência RBS

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