Durante essa semana circulou nas redes sociais alguns vídeos de autoridades falando sobre Polícia. Dentre os diversos temas, a atuação da Polícia frente à criminalidade e a "gênese" dos Agentes da Lei.
Os Policiais Militares vêm da sociedade, sim, tal qual veio o Sr. Celso Antônio Bandeira de Melo, jurista (vídeo acima)! Também é verdade que muitos Policiais vêm da Periferia e sobrevivem a condições desfavoráveis, inclusive a violência, não porque querem, mas pela falta do Estado, diga-se de passagem, como todos os demais cidadãos que lá habitam. Mas o Sr. Celso Antônio Bandeira de Melo veio das classes abastadas, portanto não conhece a realidade das periferias.
É verdade que os bandidos NÃO estão nas periferias somente, mas as cadeias estão lotadas dos que vêm de lá. Contudo, não é porque vêm da periferia que TODOS o policiais são violentos ou são bandidos com carteira de funcionário. Não é porque prendemos bandidos que também somos. Ao contrário, lidamos com eles para que toda a sociedade fique livre. Sujamos nossas mãos para que o Sr. Celso de Melo tenha tranquilidade para exercer sua liberdade de expressão, em falas repugnantes como a do vídeo, é verdade, mas com paz social e democracia para tal.
Não é porque muitos de nós, policiais, vimos da periferia que somos bandidos. Não é porque vimos da periferia que merecemos a pecha de foras-da-lei com outorga estatal. Nem todos vimos da periferia, mas os que vimos, TODOS, nos esforçamos para superar a difícil realidade que lá se encontra e ajudar a melhorá-la. Não é por vir da periferia que queremos ser taxados de bandidos, até porque vimos antigos colegas tombarem por tal caminho, o que lamentamos e não desejamos para nós, tanto que somos Policiais (agentes da Lei, do Estado). Infelizmente não tivemos tantas facilidades de acesso aos meios como o Sr. Celso Bandeira de Melo, mas nos esforçamos, NOS SUBMETENDO A UM CONCURSO PÚBLICO - NÃO FOMOS COLHIDOS - para vencer a realidade dura, para dar melhores condições e orgulhar nossas famílias, bem como cumprir nossa árdua tarefa de defesa social, por ele desmerecida no vídeo.
Os policiais NÃO SOMOS TIPICAMENTE VIOLENTOS! Algumas vezes são cometidos excessos, esses devem ser devidamente apurados e tais condutas punidas, para que haja a expiação e a ressocialização do agente, pelo cumprimento da pena, como qualquer cidadão. Outras vezes há falta de informações relevantes sobre a motivação de condutas supostamente abusivas, pois que parece ser bem interessante para a mídia condenar a ação policial, mesmo sem nenhuma ou com poucas provas conclusivas. Denúncias são recebidas todos os dias nas Corregedorias apenas por trechos (da parte que interessa) de ações policiais gravadas através de smartphones dos interessados... A maior parte dos denunciados normalmente são afastados da atividade imediatamente. Existem Promotorias Especiais de Controle da Atividade Policial nos Órgãos Ministeriais, o que demonstra que não falta controle Estatal e que os abusos são investigados e coibidos pela própria estrutura do Estado.
É lamentável o pensamento do nobre jurista, catedrático de Direito Administrativo, em relação aos policiais militares. Duvidando da tal postura, procuramos a íntegra do vídeo, que segue, o que infelizmente se confirmou:
Veja o vídeo na íntegra:
Respeitamos os grandes escritos do Jurista Celso Bandeira de Melo, e imaginamos que já se arrependeu do que disse sobre os policiais, já que, como ele próprio diz no vídeo, às vezes se arrepende de dizer algumas coisas. Imaginamos ainda que tal jurista esteja velho demais, como sugere no vídeo, pois que o avanço da idade, segundo diz, faz a língua ficar solta. Acreditamos nisso porque cremos que não se pronunciaria de maneira tão desrespeitosa com os policiais sendo administrativista tão respeitado.
Em contrapartida, em sem comentários, há o pronunciamento do Promotor de Alagoas, Alfredo Gaspar de Mendonça sobre a atuação de equipe policial que confrontou assaltantes no interior daquele Estado:
Todos gostamos de notícias policiais. Parece natural do ser humano, como é natural falar e se interessar sobre o tema Segurança Pública, mas, embora seja interessante a discussão, é importante dizer que aqueles que não são profissionais de segurança pública, dentre eles os juristas, não têm autoridade para se manifestar sobre o tema de forma final, com argumento de verdade, pois que, embora possam ter estudado bastante em suas vidas acadêmicas, não se debruçaram sobre as doutrinas relacionadas à segurança pública e atividade policial, nem tampouco conhecem a práxis do serviço policial e suas dificuldades reais, portanto devem respeitar o profissional de Segurança Pública e procurar entender melhor seu trabalho e a realidade em que estão inseridos antes de criticar suas ações ou dizer como deveriam agir.
Os Policiais Militares dedicamos nossas vidas, e as arriscamos, para defender os demais segmentos da sociedade e garantir a sobrevivência de nossas famílias. Não tiramos bens ou direitos de ninguém, nem nos comprazemos com isso. Somos trabalhadores e exigimos os mesmos direitos e respeito!
*Emerson Carvalho de Souza é Policial Militar, Bacharel em Direito pela Faculdade Estácio de Sá/SE, Vice-Presidente da Associação dos Militares do Estado de Sergipe (AMESE).
Fonte: Blog da AMESE
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