segunda-feira, 1 de junho de 2015

AS DIFERENÇAS SOCIAIS E A SEGREGAÇÃO QUE PERDURAM NA PM PAULISTA.


Quem se lembra das aulas de história no ensino fundamental? Das fazendas de café e cana? Da novela “ESCRAVA ISAURA”, dos filmes “AMISTAD”, e “12 ANOS DE ESCRAVIDÃO”?

As personagens são muito distintas entre si, não restando dúvidas quanto ao posicionamento SOCIAL de uns e outros.

O SENHOR DE ENGENHO (Coronel) – Soberano, incontestável, seu único esforço é dar as ordens, por mais absurdas que sejam, por menos sentido que façam, sem se preocupar com os resultados e nem com a quantidade de escravos que tenham que morrer para que sejam cumpridas. Escravos não fazem falta. Substituem-se por outros;

A FAMÍLIA DO SENHOR DE ENGENHO (Oficiais Superiores) – Não têm o poder financeiro nem a autoridade soberana do senhor de engenho, mas sabem que vão chegar lá um dia, então não precisam ter sentimento algum com relação aos seus inferiores, pois naturalmente, INDEPENDENTE DE SUA INTELIGÊNCIA OU SEUS MÉRITOS, pela evolução natural da história, um dia serão senhores de engenho;

OS MERCADORES (Oficiais Subalternos) – Sonham em fazer todas as vontades dos senhores de engenho e de seus comensais e aderentes, de modo que consigam sua independência e emancipação, CUIDANDO DOS ESCRAVOS ALHEIOS e preparando-se para terem seus próprios escravos. Estes são perigosos, pois no afã de agradarem aos senhores de engenho, podem PRENDER OU MATAR UM ESCRAVO UNICAMENTE PORQUE ELE CRITICOU UM DELES, ou sua tirania, ou ainda, pensou com autonomia sobre qualquer assunto. Comem na casa grande, junto com os senhores de engenho e seus familiares;

OS CAPATAZES (Sub Tenentes) - Estes, via de regra, em fim de carreira, já foram escravos, capitães do mato, encarregados de setor e hoje administram a senzala. Normalmente ocupam uma sala nos fundos da casa grande, com entrada pela senzala, longe dos olhos do senhor do engenho. Sua função é cuidar para que os relatórios do trabalho escravo estejam sempre satisfatórios ao SENHOR DO ENGENHO e seus comensais. Comem na cozinha, as sobras da refeição principal;

O NEGRO DA CASA (Sargentos Da Administração) – Apesar de ser negro e escravo, odeia os outros escravos. Se considera um afortunado e despreza seus conterrâneos. Tudo o que faz é para agradar ao SENHOR DE ENGENHO E SEUS ADERENTES, e sempre que pode, providencia o SOFRIMENTO DE UM ESCRAVO, porque sabe que essa morbidez agrada aos brancos da casa. Acha divertido castigar aos escravos que “saem da linha”, para que sirvam de exemplo aos demais. Também come, na cozinha, os restos da refeição principal;

O CAPITÃO DO MATO (Sargentos de Rua) – São escravos, capturados a laço, comprados do mesmo navio negreiro que os demais escravos, mas não se conformam com sua condição de escravo e desprezam seus iguais. Lutam pela simpatia e reconhecimento dos senhores de engenho e para tal, SÃO EXTREMAMENTE CRUÉIS COM RELAÇÃO AOS DEMAIS ESCRAVOS. Estão sempre atentos e diligentes, para punir com rigor aos que fogem das normas da senzala, AOS QUE SE REVOLTAM COM A CONDIÇÃO ESCRAVA, aos que tentam fugir da segregação e humilhação, aos que acreditam que É POSSÍVEL TER SUA PRÓPRIA DIGNIDADE. Sua satisfação é receber um elogio dos brancos da casa, e para isso, lutam até mesmo entre si, para uma melhor posição na fazenda. Seus alojamentos são fora da senzala, onde passam a noite, e no dia seguinte, se misturam com os escravos, passando pelas mesmas agruras, mas, diferentes dos escravos comuns, comem na cozinha, junto com os capatazes e os negros da casa, as sobras da refeição dos brancos. Acreditam piamente que são diferenciados dos demais escravos, apesar de terem a mesma origem e saberem que nunca adentrarão à casa grande pela porta da frente;

O ESCRAVO (Cabos e Soldados) – ESTE É O RESPONSÁVEL PELO SUCESSO e pela produção da fazenda. Sem ele a fazenda não produziria e todos os outros teriam que trabalhar. Eles levam todo o trabalho nas costas. Plantam, ceifam, limpam, embalam, consertam, produzem, enfim, fazem com que toda a cadeia produtiva prospere. São fundamentais, mas não enxergam isso. Acreditam que nasceram para serem escravos, para agradarem aos seus senhores. São proibidos de pensarem individualmente. Comem lavagem nos cochos da senzala, dormem amontoados sobre feixes de feno, não têm assistência médica, não têm benefícios trabalhistas, nem liberdade de culto ou de opinião, são tratados a ferros e quando alguém se rebela, é punido exemplarmente pelos capitães do mato, que os chicoteiam em público, a fim de demonstrarem de que lado estão. 

Esta comparação é meramente subjetiva e busca levar à reflexão as diferentes categorias de profissionais que temos dentro da PMESP, onde há determinados setores que desfrutam de regalias, altos salários, pouco ou nenhum respeito pelo material humano de que dispõem, muitos auxiliares e nenhuma responsabilidade pelos maus resultados da empresa, enquanto há profissionais que se desdobram em cuidados para manterem funcionando a grande engrenagem da sensação de segurança pública necessária à população, abdicando de suas famílias, seu sono, seus sonhos, mas que não acham dignos de respeito do público interno. 
Se nós operários, não mudarmos nosso conceito a respeito da cidadania inerente à nossa condição humana, nunca nos respeitaremos como passíveis de todos os direitos que têm nossos coronéis.

SOMOS TODOS FUNCIONÁRIOS DE UMA MESMA EMPRESA, TODOS MUITO IMPORTANTES PARA SEU SUCESSO, DE FORMA IGUALITÁRIA E COM A MESMA RESPONSABILIDADE SOBRE O SEU SUCESSO OU O SEU FRACASSO.

NENHUM DE NÓS É ESCRAVO.

PENSEM A RESPEITO...

Marco Ferreira – APPMARESP.

Fonte:  www.appmaresp.com

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