terça-feira, 7 de julho de 2015

SER POLICIAL, SER HUMANO.


Neste ano de 2015, completo 26 anos de serviços prestados à causa da Segurança Pública. Minha profissão é defender os outros e fazer cumprir a lei. Uma missão muito difícil em um país que, mesmo sem conflitos religiosos ou étnicos, sem disputas territoriais ou guerra civil, consegue exterminar mais cidadãos pelo uso de armas de fogo do que muitos conflitos armados contemporâneos, como a guerra da Chechênia, a guerra do Golfo, as várias Intifadas, as guerrilhas colombianas ou a guerra de libertação de Angola e Moçambique.

Infelizmente, as consequências dessa violência atingem o agente de segurança com a mesma ferocidade que atinge o cidadão, pois não é por sermos policiais que deixamos de ser humanos. No entanto, pelo mister que abraçamos, ao jurarmos defender a sociedade, mesmo com o sacrifício da própria vida, quando saímos de casa para trabalhar, deixamos incertezas quanto ao nosso retorno, pois, no nosso labor, a busca pelo perigo é constante e isso nos faz diferentes.

Um humano diferente no vestir, no falar, no agir, que é capaz de dar a própria vida em prol do próximo. No entanto, é humano. Tem família, amigos, sonhos, propósitos a serem atingidos e, ao ser morto na sua digna missão, deixa saudades, muitas saudades. Por isso, a morte do policial carrega consigo vários simbolismos. Dentre eles, a sensação de que toda a sociedade morre um pouco com a sua morte.

No Brasil, 490 policiais foram mortos em 2013. É o país no mundo em que mais policiais são mortos no cumprimento do dever. No Ceará, 116 policiais foram assassinados em nove anos. Uma média de um policial assassinado a cada mês. Sei que grande parte da população reconhece o valor do profissional de segurança pública e o seu desprendimento no combate à criminalidade.

No entanto, apesar da nossa dor em velar companheiros mortos e em acalentar famílias sofrendo a perda do ente querido, ainda temos que justificar aos críticos a nossa presteza quando conseguimos prender marginais que matam nossos colegas.

O mais lamentável, ainda, é ver, entre esses críticos, um parlamentar, caricaturado de apresentador de programa policial, o qual conquista seu eleitorado difundindo o medo e a violência na televisão, criticando o trabalho policial com declarações desrespeitosas àqueles que são os guardiões da sociedade. Exigimos respeito a esses heróis e honra aos mortos.

Fonte:  Bizú de Praça

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