Não é de agora que Politizando vem chamando a atenção do governador do Estado sobre a necessidade de se ter mais zelo com o assunto “Segurança Pública” em Sergipe. Como se diz no jornalismo “é pauta velha”! Mas, pelo visto, os fatos provam que os responsáveis por garantir a segurança dos sergipanos fazem “ouvidos de mercador” e parece que não dão importância aos avisos que, constantemente, são anunciados. Sexta (21) à noite, tivemos uma rebelião no presídio de Nossa Senhora da Glória, que resultou na fuga de 20 detentos da mais alta periculosidade e no assassinato de um agente penitenciário, um pai de família. Não se trata de tripudiar em cima de uma tragédia, mas esse incidente no sertão já era uma “tragédia anunciada”!
O primeiro indício de que as coisas não estavam bem no sistema carcerário foram as pequenas rebeliões nas delegacias de polícia da capital, recentemente. Com a polícia civil em greve, ficou explícita a fragilidade do nosso sistema prisional. Um amontoado de detentos espremidos em pequenos cubículos, onde os riscos de contaminação são fortíssimos e onde se descumpre, na plenitude, as leis federais que versam sobre os direitos humanos. É bem verdade que, antes do preso, é preciso se preservar o “direito humano” das vítimas, mas simplesmente jogar marginais em uma cela não vai se conseguir jamais que ele se ressocialize, que ele abandone o mundo do crime. E para evitar fugas em massa, a Secretaria de Segurança Pública entendeu que a melhor saída era transferir os presos para as penitenciárias e esvaziar um pouco os distritos, até para que passassem por pequenas (e inócuas) reformas.
Com as delegacias sem as mínimas condições de trabalho para agentes, escrivães e delegados da Polícia Civil, estava claro que aquilo era uma verdadeira “bomba relógio”, pronta para explodir! A tragédia do presídio de Nossa Senhora da Glória resultou em uma perda irreparável. Estamos acostumados a ver rebeliões em presídios, onde os detentos tocam fogo em colchões, destroem celas e outros departamentos e produzem armas artesanais. Vez ou outra eles se aproveitam da falha na segurança e conseguem fazer de reféns alguns agentes prisionais. Na sexta-feira, ante um chamado de socorro a um suposto preso em covalência, os agentes penitenciários foram recebidos à bala! É isso mesmo, leitor! Os presos estão fortemente armados!
E, como perguntar não ofende nunca, como essas armas chegaram aos detentos? Não existe uma revista rigorosa nos presídios? A Secretaria de Segurança Pública não se atentou para isso? A reportagem da TV Sergipe já revela um depoimento exclusivo de um preso, onde ele relata que as armas chegaram via negociação com um agente prisional. Mas e os outros? Ninguém percebeu o que estava acontecendo? Como garantir a segurança desses presídios? Outra versão que vem a tona é ainda mais grave: toda a operação teria sido articulada para facilitar a fuga de um dos maiores chefes de grupos de extermínio do Nordeste. Agora, se tinha um bandido de tamanha periculosidade naquele presídio, por que não reforçar a segurança?
Temos presídios mais “seguros” na Grande Aracaju, sendo assim, qual a razão para que este preso tão perigoso estivesse alojado em Nossa Senhora da Glória? E o mais importante: quantos desses bandidos já foram recapturados? Estamos falando de 20 presos altamente perigosos, que circulam livremente pelo nosso Estado, fortemente armados, sendo que apenas um foi recapturado. Até onde Politizando tomou conhecimento, outro preso se entregou à polícia! Agora o governo do Estado “reforça” o apelo pelo envio de tropas federais para Sergipe. Alega que já havia feito esse apelo antes da rebelião em Glória. Mas isso não apaga um detalhe: é o reconhecimento da fragilidade da nossa Secretaria de Segurança Pública. Por mais boa vontade, por mais empenho, talvez o secretário não estivesse pronto para assumir tamanho desafio.
Em síntese, Politizando não vai se alongar porque o que mais importa nisso tudo é que Sergipe está ainda mais inseguro, mais violento, com marginais à solta, com estruturas prisionais falidas, com duas polícias descoordenadas e que não se entendem, e com o crime acontecendo a qualquer hora do dia e em qualquer lugar. Os bandidos não fazem mais “cerimônia” para agirem! Eles simplesmente focam um alvo e agem sem qualquer destemor. É evidente que o efetivo reduzido é uma das causas dessa sensação de insegurança. O governo vai reforçar esses quadros, é verdade, mas quantas vidas estão sendo ceifadas e quantos pais de família estão sendo mortos? Até quando vamos ter que pagar o preço pela inércia desse governo? Ou se trata a Segurança Pública com seriedade e como prioridade, ou estaremos cada vez mais reféns do medo...
Fonte: Faxaju (coluna Politizando do jornalista Habacuque Villacorte)
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