Delegado de Polícia Civil qualificou o ato como 'incidente'.
Sargento diz que foi constrangida ao se negar passar seu número de telefone a delegado (Foto: Aline Nascimento/G1)
A sargento da Polícia Militar, que pediu para ser identificada apenas por "Uchôa", de 36 anos, diz ter recebido voz de prisão na noite desta quarta-feira (4) após um desentendimento com o delegado de Polícia Civil, Pedro Resende. De acordo com a sargento, ela levava um suspeito de roubo à Delegacia de Flagrantes (Defla), em Rio Branco, quando o delegado teria pedido o número de telefone pessoal dela para "procedimentos futuros".
"Ele me deu voz de prisão, inclusive na frente do meu superior. Mandou que me conduzissem à cela, mas me neguei. Passei o número do telefone do meu batalhão, caso ele precisasse, porém, ele alegou que eu me neguei a passar, e não foi verdade", conta.
Uchôa diz ainda que pretende tomar todas as providências legais em relação ao caso e alega que foi constrangida diante dos colegas e outras pessoas. "Vou tomar as providências por constrangimento e também aos danos às viaturas que ficaram paradas, minha equipe ficou parada", destaca.
'Foi um pequeno contratempo', diz delegado
O delegado Pedro Resende se defende e diz que o que houve foi um incidente. "Pedi o celular dela, ela não quis fornecer e foi feito uma conversa tranquila. Terminei meu plantão e ela foi para o trabalho dela. A questão foi resolvida de forma amigável. Foi um pequeno contratempo que foi resolvido de maneira pacífica e cordial entre todos", destacou.
O major José Messias, comandante do 4º batalhão, explica que durante uma ocorrência é procedimento passar à delegacia o número da unidade policial e não pessoal.
"O militar terá que ser requisitado pelos superiores. Segundo a sargento, que estava no local, disse que o delegado deu voz de prisão por conta disso. Se ocorreu dessa forma, se reputa ilegal. Esse procedimento é inadequado e fora da lei", enfatizou.
'Permanência de delegado é insustentável', diz AME
A Associação dos Militares do Acre (AME-AC) anunciou, durante coletiva nesta quinta-feira (5), que pediu a transferência de Resende.
"A AME vai fazer três tipos de procedimentos; impetrar uma ação por danos morais contra o Estado, já que o delegado estava em sua função; vamos registrar uma denúncia à Corregedoria de Polícia Civil e também iremos realizar uma denúncia no MP, que é o órgão que fiscaliza a conduta da polícia", informou Rogério Silva, da diretoria da associação.
De acordo com Silva, não é a primeira vez que a PM tem problemas com o delegado e que a permanência de Resende é "insustentável".
"A gente interpreta como um caso pontual, mas que não é a primeira vez que esse profissional comete abusos e atos ilegais, que afeta a atividade da polícia. Além desses reparos que a entidade irá fazer, ainda ontem [quarta,4], fizemos o pedido para que o delegado fosse substituído e transferido, porque a situação dele é insustentável", finalizou.
'Não há o que ser apurado', diz corregedor-geral da Polícia Civil
O corregedor-geral da Polícia Civil, Josemar Portes negou que a sargento tenha recebido voz de prisão e disse também que não vai haver investigação sobre o caso.
"Não há o que ser apurado, houve uma mera divergência por conta de um ponto específico. Ninguém foi detido ou preso. A PM foi à delegacia conduzindo uma situação de assalto, ela tinha que ser ouvida mesmo, como foi ouvida e depois liberada", garante.
Portes também alegou que não há nenhuma crise e destacou que essas divergências são naturais entres as polícias. A Secretaria de Segurança Pública do Acre informou que não vai se posicionar sobre o caso.
Fonte: G1 AC
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