Alguns setores podem dizer que é uma “modinha”, que é “coisa da juventude”, mas o fato é que o crescimento de jovens que superlotam os postos de gasolina, em especial durante a noite, se deve sim a falta de segurança nas vias públicas da cidade. Aracaju já foi um dos locais mais tranquilos para se viver, sempre figurou entre as capitais com os menores índices de violência, mas os tempos mudaram...infelizmente hoje vivemos a mercê dos bandidos. Não temos segurança nem pelo dia; os assaltos acontecem a todo instante e em qualquer lugar. Os bandidos perderam de vez o respeito e população segue acuada, dentro de casa, onde nem assim está completamente segura. Pode parecer repetitivo, mas esta é uma demanda recorrente.
E vários fatores explicam o crescimento dessa violência assustadora. Dois deles (e talvez os principais) já foram cobrados e recobrados por Politizando: em primeiro lugar, não é segredo para mais ninguém que Sergipe precisa de mais efetivo policial nas ruas, seja na capital, seja no interior. Se existe uma turma nova prestes a ficar a disposição da sociedade, o governo já deveria se articular para aproveitar excedentes do último concurso ou até programar uma nova seleção. Mesmo com os novos policiais que chegam, outros antigos estão se aposentando. A renovação é necessária e, sobretudo, todo reforço para a Segurança será bem vindo para o povo.
Outra demanda relevante é a questão salarial. Não que um Policial Militar em Sergipe ganhe mal, mas é preciso sim de mais valorização. É preciso fazer justiça: hoje o governador Jackson Barreto (PMDB) e os próximos governadores vão sofrer muito por conta da distorção salarial difundida pelo ex-governador Marcelo Déda (in memoriam). É preciso que isto seja colocado abertamente porque não é mentira! Déda valorizou a Polícia Civil e não há nada de errado nisso, mas precisava trabalhar essa valorização sem esquecer-se das outras instituições que compõem a SSP e, principalmente, as demais categorias de servidores públicos. Talvez a valorização da PC fosse um pouco menor, mas certamente as finanças do Estado estariam um tanto mais equilibradas.
Como se não bastasse a falta desses investimentos, não se pode desconsiderar a crise financeira a que estamos submetidos, por conta de uma política econômica equivocada e desastrosas de um governo federal populista e irresponsável. Tudo está mais caro, os salários retraídos, atrasados e parcelados. As famílias tiveram seu poder de compra diminuído e o desemprego é uma crescente. Diante dessas instabilidades, algumas pessoas acham que o “mundo do crime” é a solução para os seus problemas e começam a agir. É evidente que este é um fator que contribui para a violência, como também o consumo de drogas. A maconha, que ficou popularmente discriminada, hoje fica em um segundo plano, com o crack, a cocaína e outros entorpecentes transitando facilmente nas festas e baladas. A demanda aumentou e o tráfico se fortaleceu.
Como se não bastasse, diante das facilidades e da fragilidade dos instrumentos de Segurança Pública, os bandidos estão “fazendo a festa”, estão atuando nos bancos, no comércio, nas ruas e avenidas, nas escolas e agora até nas residências. Como as famílias estão mais resistentes a saírem, os marginais estão invadindo as casas e “tocam o terror”. Até condomínios de apartamentos já foram invadidos em Aracaju. E, com tanta violência, os proprietários de bares e restaurantes estão mais temerosos com os constantes assaltos e decidiram fechar seus estabelecimentos mais cedo a noite. Sem muitas opções e sem segurança, os jovens de Aracaju estão recorrendo os postos de gasolina, com lojas de conveniência para se agruparem. Até buscando uma sensação maior de segurança.
É como já fora colocado no início deste comentário: não se trata de “modinha”, mas de falta de segurança mesmo. Apesar de alguns excessos, até que os funcionários dos postos aprovam a movimentação, tendo em vista que acaba inibindo um pouco mais a ação dos marginais. Isto é uma realidade. A SSP tem que encará-la de frente e agir. Tirar os jovens dos postos não vai resolver o problema. Isso só vai transferir a “demanda” para outro local. É preciso que a segurança pública funcione efetivamente, que esteja nas ruas, fazendo o policiamento ostensivo, mas, sobretudo, a prevenção. É preciso usar a inteligência para evitar que o crime aconteça. Certamente, com mais segurança nas ruas, os bares e restaurantes voltarão a estender seus expedientes e os jovens que procuram os postos de gasolina vão começar a diminuir nas madrugadas...
Fonte: Faxaju (coluna Politizando do jornalista Habacuque Villacorte)
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