sexta-feira, 18 de março de 2016

SIGILO QUEBRADO.

A posse do ex-presidente Lula da Silva (PT), como ministro da Casa Civil, não engana a ninguém. Nem à própria Dilma que, naturalmente, não pretendia ter ao lado um auxiliar com voz muito acima da dela, na estrutura política e administrativa do Governo. A urgência da decisão deixa clara que os objetivos eram mesmo blindar Lula, dando-lhe posição de fórum privilegiado.

No fundo, e sem precisar de rodeios, tratava-se de uma fuga do juiz federal Sérgio Moro, pelo receio de uma prisão que punha por terra o seu prestígio eleitoral, já que não se tratava de uma ação por luta ideológica, mas por indícios da prática de corrupção.

Lula não estava mais tão vinculado à presidente Dilma. Ele era – e continua sendo – contra o modelo de recuperação econômica que ela vem adotando, além de querer interferir na troca de ministros. Terminou colocando lá o amigo Jaques Wagner e afastou do lado de Dilma o Mercadante, jogando-o para a Educação. Entidades do PT, como a CUT, mais próxima a Lula, também estavam descontentes com Dilma, em razão do ajuste fiscal que ela pretende e que, no entender deles, prejudica os trabalhadores.

As adversidades os fizeram se aproximar. Dilma se sente encurralada por crises econômica e política que podem levá-la a um processo de impeachment. E o ex-presidente Lula sentindo no pescoço a respiração ofegante do juiz Sergio Moro para prendê-lo a qualquer momento. A Casa Civil foi a salvação para ele, mas para Dilma o impeachment dá sinais que está mais próximo.

Ontem houve a explosão de uma tática – para não classificar de farsa – com o vazamento de uma gravação entre Dilma e Lula, que praticamente é uma confissão de que a nomeação do ex-presidente foi para blindá-lo do risco iminente de prisão, salvando-o das garras de Sergio Moro para levá-lo à comodidade do Supremo.

Fonte:  Coluna Plenário do jornalista Diógenes Brayner

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