“Nos tornamos soldados de uma guerra desumana, da violência urbana. Vivemos em uma Guerra “sem saber. Somos Soldados sem querer ser”.
Se em 2014 o Mapa da Violência colocou Sergipe como medalhista no 3º lugar do pódium, sem sombra de dúvidas o estudo do ano em que o Brasil sediou as Olímpiadas concederá ao menor estado da federação, no mínimo, a ascensão de uma posição.
São mortes e mais mortes com emprego de violência, assaltos desenfreados, e os duplos e triplos homicídios que um dia foram motivo de espanto agora se tornaram rotineiros e nem assustam mais a população, que parece já ter condicionado ao convívio social a insegurança como parte de um processo normal de socialização.
Em território onde presídios estão superlotados, segurança pública se tornou jogo de esconde e até presos, através de áudios que circulam nas redes sociais, se mostram indignados com o descontrole da criminalidade e prometem, inclusive, fazer justiça com as próprias mãos.
Negar o que os números provam é querer subestimar a capacidade intelectual do cidadão. Estagnar não é verbo a ser usado, nem deve ser quantitativo de prisões ou de apreensão de armas justificativa. Só há detenções porque existe a violência, assim como só existe o assassinato porque a lei do desarmamento é falha e pune apenas os homens de bem.
O que dizer de um plantão de 24 horas do Instituto Médico Legal (IML) que registra 6 mortes com emprego de violência? Trazendo a realidade para Itabaiana (SE), o que e a quem dizer quando em apenas oito meses já se tem quase o total de assassinatos registrados em todo o ano de 2015?
E que a falta de medidas preventivas não seja abonada com o que já virou clichê. Falar que a maior parte das vítimas tinha envolvimento com o crime é desconsiderar que são vidas e aceitar que fique nas mãos dos criminosos a obrigação de se fazer justiça.
Família, escola, poder público (municipal, estadual e federal) e polícias, exatamente nessa ordem, precisam ser entendidos como parte de um processo sistêmico em prol de um bem comum: a segurança. Se diferente, permaneceremos nessa infinita busca por culpados e veremos cada dia mais a nossa terra se transformar em cenário de bang bang, vendo que "aquele garoto que ia mudar o mundo agora assiste a tudo em cima do muro" e nós, soldados de uma guerra desumana, da violência urbana.
*Foram utilizados no texto trechos da músicas Violência Urbana, de Phagner Decretus, e Ideologia, de Cazuza.
Fonte: Itnet (Iane Gois)
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