domingo, 28 de agosto de 2016

SERGIPE, CAMPEÃO OLÍMPICO NA MODALIDADE INSEGURANÇA PÚBLICA.

“Nos tornamos soldados de uma guerra desumana, da violência urbana. Vivemos em uma Guerra “sem saber. Somos Soldados sem querer ser”.


Se em 2014 o Mapa da Violência colocou Sergipe como medalhista no 3º lugar do pódium, sem sombra de dúvidas o estudo do ano em que o Brasil sediou as Olímpiadas concederá ao menor estado da federação, no mínimo, a ascensão de uma posição.

São mortes e mais mortes com emprego de violência, assaltos desenfreados, e os duplos e triplos homicídios que um dia foram motivo de espanto agora se tornaram rotineiros e nem assustam mais a população, que parece já ter condicionado ao convívio social a insegurança como parte de um processo normal de socialização.

Em território onde presídios estão superlotados, segurança pública se tornou jogo de esconde e até presos, através de áudios que circulam nas redes sociais, se mostram indignados com o descontrole da criminalidade e prometem, inclusive, fazer justiça com as próprias mãos.

Negar o que os números provam é querer subestimar a capacidade intelectual do cidadão. Estagnar não é verbo a ser usado, nem deve ser quantitativo de prisões ou de apreensão de armas justificativa. Só há detenções porque existe a violência, assim como só existe o assassinato porque a lei do desarmamento é falha e pune apenas os homens de bem.

O que dizer de um plantão de 24 horas do Instituto Médico Legal (IML) que registra 6 mortes com emprego de violência? Trazendo a realidade para Itabaiana (SE), o que e a quem dizer quando em apenas oito meses já se tem quase o total de assassinatos registrados em todo o ano de 2015?

E que a falta de medidas preventivas não seja abonada com o que já virou clichê. Falar que a maior parte das vítimas tinha envolvimento com o crime é desconsiderar que são vidas e aceitar que fique nas mãos dos criminosos a obrigação de se fazer justiça.

Família, escola, poder público (municipal, estadual e federal) e polícias, exatamente nessa ordem, precisam ser entendidos como parte de um processo sistêmico em prol de um bem comum: a segurança. Se diferente, permaneceremos nessa infinita busca por culpados e veremos cada dia mais a nossa terra se transformar em cenário de bang bang, vendo que "aquele garoto que ia mudar o mundo agora assiste a tudo em cima do muro" e nós, soldados de uma guerra desumana, da violência urbana.

*Foram utilizados no texto trechos da músicas Violência Urbana, de Phagner Decretus, e Ideologia, de Cazuza.

Fonte:  Itnet (Iane Gois)

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