Não existe nenhuma sociedade moderna – que funcione verdadeiramente – sem que a polícia seja valorizada. A realidade nacional aponta que em algumas favelas do Rio de Janeiro a cabeça de um policial vale, atualmente, cerca de vinte mil reais. Somente até este mês de setembro de 2016, mais de setenta e cinco policiais foram assassinados por bandidos naquela cidade, sem falar nos cerca de trezentos agentes da lei feridos em confrontos com esses marginais. Mas essa estatística ainda não foi suficiente, sequer, para lhe retirar o título de “Cidade Maravilhosa”! Nesses enfrentamentos diários as baixas, táticas e armamentos de ambos os lados são de guerra, mas esta jamais foi oficialmente reconhecida pelo Estado brasileiro. De resto, nos demais estados da federação subsiste, ressalvadas algumas proporções, a mesma estratégia estatal enganadora, a erguer uma cortina de fumaça que serve tão somente para subtrair dos olhos da população os verdadeiros motivos desse caos social que ora vivenciamos em nosso país. Afinal, onde falta, dentre outros, saúde e educação para um povo, fatalmente faltará segurança pública. Não há de se negar que nas regiões onde residem as parcelas menos abastadas da população brasileira, o braço armado do Estado seja a sua parte mais presente! Portanto, o viés repressor das Instituições policiais, notadamente das PMs, tem marcado papel dentro desse contexto de enfrentamento e subjugação de massas. Acontece que o aumento da violência não é inversamente proporcional à ação policial! Os ciclos da miséria que envolvem milhões e milhões de brasileiros não serão rompidos, digamos, “na ponta do fuzil”! Além do mais, os policiais militares também são grandes vítimas dessa utilização patogênica das PMs. O que se vê fartamente é que são lançados à própria sorte em áreas conflagradas, com a missão de restabelecer e/ou manutenir a paz social. Para tanto, o PM empenha seu bem jurídico mais valioso, que é a sua vida. Em paralelo, são pessimamente remunerados e desprovidos de uma sistemática de formação continuada que lhes ponha em reais condições de promoverem melhores índices de segurança pública num contexto social tão problemático. As PMs são fruto das sociedades nas quais atuam, e realmente precisam experimentar substanciais renovações. Uma delas reside na admissão de critérios objetivos – marcadamente meritocráticos – para o ascensão na carreira, e que englobe a todos dessas importantes Instituições. Contudo, esta e outras inovações tenderão a ocorrer no bojo das mudanças que devem ser paralelamente experimentadas por todos os demais atores desse complexo de interações sociais chamado Brasil.
Artigo escrito pelo Capitão PMSE Rogério Prado
Fonte: Faxaju
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