Análise
Ontem, 26, após a publicação do artigo sobre violência o titular deste espaço recebeu um telefonema de um PM que pediu uma reunião com outros colegas. O titular deste espaço teve uma demorada conversa com dois policiais e dois oficiais da PMSE. Todos na ativa e atuando nas ruas. Foram várias informações e avaliações que subsidiaram este artigo.
Dizer que o estado de Sergipe planeja segurança pública, todos já sabem que não planeja. A prova é simples: solicitem a SSP para apresentar o planejamento estratégico, plano de governo ou qualquer planejamento de suas ações a curto, médio e longo prazo. Não existe.
Não é necessário falar sobre operações midiáticas, falta de efetivo, má distribuição de pessoal e viaturas, etc, nem tampouco afirmar que a SSP há mais de 10 anos está chefiada por profissionais que só enxergam repressão, por óbvio, visto a sua formação (técnica?).
Sistema prisional - Para o blog não se alongar no que foi informado, vai tratar do sistema prisional, que vive momentos dificílimos, no país e em Sergipe (a desculpa é sempre essa, a crise é nacional, e Sergipe não é uma ilha), visto também a falta de efetivos e de condições mínimas de trabalho (insalubridade) nas unidades prisionais do nosso Estado.
Em especial, podemos dizer que a duras penas, os agentes penitenciários conseguiram fazer com que os PMs que dirigiam unidades prisionais e faziam as guardas externas, retornassem para a PM, pois eles, os agentes, entendiam acertadamente, que PMs deveriam estar nas ruas, fazendo policiamento preventivo.
PM para resolver crise prisional - Eis que diante de uma crise política envolvendo a pasta do sistema prisional, surge a brilhante ideia (solução) de mudar o secretário. A indicação, um técnico (?). Para a surpresa geral num dos discursos inaugurais apresentam a solução para a crise do sistema: colocar a PM para resolver o problema. Alem de bancar a PC a polícia militar irá bancar o sistema prisional, em detrimento do policiamento ostensivo, que é a base da prevenção.
Sem saber como definir essa situação, mas crendo que a oficialidade da polícia militar jogou a toalha, a PM retira das ruas cerca de 30 policiais para o sistema prisional.
Só para lembrar: o número de homicídios da atual "era". De 803 homicídios em 2012, chega-se ao assustador número de 1306 homicídios em 2016, perfazendo um aumento de quase 63% nos números de assassinato em terras sergipanas. Isso sem levar em conta outros Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI), a exemplo de latrocínio e lesão corporal seguida de morte, pois ai os números seriam bem maiores. Em menos de um mês do ano de 2017, Sergipe já tem mais de 3 homicídios por dia.
Pois bem, não bastassem estes números assustadores, retirar policiamento das ruas, não parece uma política publica de prevenção da violência.
Um exemplo que poderia ser copiado de outros estados é o trabalho extra voluntário, onde todos os voluntários trabalham em sua folga, e não apenas uma casta de privilegiados e protegidos, que só fazem receber gratificação sem produção comprovada. Não faria nada mal uma singela verificação do MP na folha de pagamento para analisar o pagamento das famosas GRAEs.
Sobre a repressão, mister da polícia civil, pode-se relembrar os números apresentados recentemente na imprensa local. São aproximadamente 5 mil mandados de prisão em aberto no estado, índice nacional de elucidação de homicídios por volta dos 5%, elucidação de roubos e furtos de veículos, celulares, residências, assaltos a ônibus, nem pensar em falar de resolubilidade. Nas palavras de um escrivão de polícia, a PC virou um grande cartório de registro de ocorrência levadas pela PM.
É preciso levar a sério a segurança pública urgentemente em Sergipe.
Prevenção
Dizer que o Estado de Sergipe investe em prevenção, todos também já sabem que não investe. A prova é simples: solicitem a SSP, em especial a polícia militar, os números de ações preventivas. Verão que as maiores ações são repressivas. Que unidades da PM que deveriam estar fazendo patrulhamento preventivo, estão fazendo repressão, sob a desculpa de trabalho integrado com a polícia civil.
Integração
Dizer que o estado de Sergipe faz integração entre as suas instituições policiais, todos também já sabem que não existe integração. A prova? Busquem na SSP alguma ação preventiva realizada pela polícia civil. Não existe. A integração é apenas uma desculpa para a PM deixar de fazer seu mister constitucional para realizar ações exclusivas da polícia judiciária, a exemplo de cumprimento de mandado de busca e apreensão. E às vezes, só às vezes, algumas unidades servem como grupo especial de captura da PC.
Centros
A criação de centros integrados de segurança, os famosos CISPs, além de grandes elefantes brancos, foi a forma que a SSP (ou seria PC?) encontrou de fazer com que a PM tomasse conta de suas delegacias, uma vez que existe entendimento da PGE contrária a presença de PMs em delegacias. Solução: mudar o nome de delegacia para CISP. Elementar.
Fonte: Blog do jornalista Cláudio Nunes
Nota do blog: Extremamente lamentável a decisão do Comando da PMSE, onde a população clama por mais segurança pública com mais policiamento nas ruas, policiais militares são retirados da sua atividade fim para trabalhar no sistema prisional, num verdadeiro desvio de função. É assim que se faz segurança pública em nosso Estado? Como perguntar não ofende: cadê o deputado que diz que representa a classe que não se pronuncia?
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