Organização criminosa criada em SP teria sido responsável pelo maior assalto da história do Paraguai nesta semana. Bandidos brasileiros comandam rotas de tráfico no país desde o ano passado.
Destruição causada por explosões durante roubo a transportadora de valores em Ciudad del Este, no Paraguai (Foto: Francisco Espinola/Reuters)
Apesar de ter sido criado por bandidos de São Paulo, a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) expandiu suas atividades nos últimos anos e está presente em 22 estados brasileiros. O grupo também cruzou fronteiras internacionais e, conforme mostrou o Bom Dia Brasil, já tem escritórios instalados no Paraguai, Peru e Bolívia.
O mega-assalto a uma transportadora de valores, que assustou o Paraguai nesta semana, foi mais uma prova de que a organização criminosa nascida nos presídios paulistas quer levar suas práticas ilícitas a um outro patamar. O PCC tem um braço no Paraguai há bastante tempo, mas, desde o ano passado, o modelo de negócio no país vizinho mudou.
Antes, a facção pagava aos traficantes paraguaios para usar as rotas locais e trazer drogas para o Brasil. Em junho de 2016, no entanto, os brasileiros decidiram extinguir a comissão e o fim do “pedágio” não foi definido em uma conversa amistosa: o PCC usou uma metralhadora .50, capaz de derrubar até aeronaves, para fuzilar, no meio da rua, o então chefe do tráfico na fronteira, Jorge Rafaat.
“Depois deles mataram esse traficante intermediário, eles se apossaram da rota. Então, a rota é deles. Tanto que eles tiraram outros grupos da rota e isso aumentou a disputa interna no Brasil, porque é a rota mais viável, a mais barata para trazer a cocaína”, explica o especialista no crime organizado Guaracy Minguardi.
A rota paraguaia é a principal para a distribuição de drogas no Brasil, mas não é a única. Da mesma forma, o Paraguai não é o único país onde atuam os criminosos brasileiros, segundo investigadores. Eles estão presentes no Peru, em uma rota de tráfico pela floresta amazônica, e também na Bolívia.
A polícia de São Paulo tem informações sobre as conexões do PCC com a Bolívia desde 2008, quando apreendeu uma carta que detalhava o acerto feito com os criminosos do país vizinho. Pelo acordo, os bolivianos mandariam drogas para o Brasil e também armas, que são usadas hoje nos assaltos a banco.
No fim de março, a Bolívia também passou uma situação semelhante à ocorrida no Paraguai. Uma quadrilha brasileira atacou um carro forte na cidade de Roboré. Na ação, um policial foi morto e 723 mil dólares, o equivalente a R$ 2,280 milhões, roubados. Três bandidos foram presos e, segundo as autoridades bolivianas, todos integravam a facção paulista.
O PCC também está envolvido nos recentes confrontos de detentos no Norte do Brasil. A briga é justamente pelas rotas de droga nas fronteiras e pelo controle dos presídios em todo país. “Eles têm know-how, armamento, têm dinheiro e organização”, diz o especialista Guaracy.
A reportagem entrou em contato com a Polícia Federal, em Brasília, para saber como funciona o policiamento nas fronteiras do país, mas não obteve resposta.
Fonte: G1 SP
Nenhum comentário:
Postar um comentário