Este colunista até se esforça, mas não está fácil de promover nacionalmente uma mídia positiva do nosso Estado. A cada semana sempre vem um “fato novo” com uma exposição negativa, seja por deficiências da gestão estadual, das prefeituras municipais e dos parlamentos. Nos últimos anos Sergipe ganhou exposição nacional pela Saúde pública e superlotação dos hospitais e maternidades; pela merenda escolar; a coleta do lixo e limpeza pública; as verbas de subvenção dos deputados estaduais e as indenizatórias dos vereadores; desdobramentos da Operação Lava Jato, Sanguessuga, Navalha, dentre outras coisas, mas nada se compara ao título negativo de “Estado mais violento do Brasil”.
Este assunto deveria ser tratado como prioridade do Governo do Estado, mas na prática não é isso que está acontecendo. Pressionado de um lado, o governador Jackson Barreto (PMDB) vai e promove mais de mil militares, com graduações de carreiras e aumento de salários; os rendimentos e benefícios da Polícia Civil também são bons, mas o movimento pressiona o Estado em outro “front”. O Executivo também propaga a compra de equipamentos, de armas e uniformes, de veículos, mas os resultados não aparecem, a Secretaria de Segurança Pública apresenta dados que não convencem e a sensação de insegurança é cada vez maior.
Nossa sociedade vive assustada, “presa” em condomínios de casas ou apartamentos, trancados em suas humildes residências, sem poder ficar na porta depois das 18 horas por conta dos riscos, da ação dos marginais. Por sua vez, a estrutura dos distritos policiais no interior é de completo abandono, sem contar que o efetivo policial nas cidades segue bastante insuficiente. É comum em Sergipe um delegado responder por duas ou até três delegacias pelo interior. E na sua ausência, sobretudo nos finais de semana, quem responde pela segurança ou é o escrivão ou, na maioria das vezes, fica a cargo de dois ou três militares abnegados.
Sem contar que muitos desses militares precisam do apoio financeiro da Prefeitura Municipal para despesas com combustível e alimentação. Muitas vezes, o prefeito atrasa ou simplesmente não repassa, sobretudo quando seus “interesses” estão sendo contrariados por quem está ali não para servir ao gestor, mas à população. Às vezes a prisão de algum aliado político ou a apreensão de um veículo irregular (normalmente um ciclomotor) gera muitos constrangimentos nesta relação. É por essas e por outras que a violência foi ganhando espaço, perdendo o respeito à autoridade policial. E Sergipe que era destaque por sua tranquilidade, pelo potencial turístico e cultural, transformou-se num “paraíso para os bandidos”.
Aqui a marginalidade “deita e rola”, bancos são estourados, casas lotéricas assaltadas e pontos comerciais são assaltados com frequência, arrastões são comuns em restaurantes e lanchonetes, os assaltos a ônibus e nos terminais de integração voltaram com tudo, sequestros relâmpagos, roubo de veículos, invasão de supermercados, crimes ambientais, arrombamentos de residências e lojas, ataques contra policiais e, sem contar, os homicídios em todo Estado, corando Sergipe como a unidade da Federação mais violenta do País. E o pior: a população não sabe mais a quem recorrer. Homens da Força Nacional de Segurança estão no Estado, hospedados em hotéis na Orla de Aracaju e são vistos com frequências fazendo abordagens em blitzen.
Enquanto isso, nesse final de semana, a prova do descontrole, da ousadia e da falência das nossas instituições de segurança: em plena luz do dia, os bandidos promoveram um arrastão durante a celebração da missa em uma igreja na capital. Levaram tudo dos fiéis e foram embora! O crime perdeu o respeito com a polícia, notou a ausência do Estado. É preciso sentar e encontrar uma saída, é preciso enfrentar o crime de frente. Caso contrário, logo não vai faltar mais nada para se roubar em Sergipe. Depois de “porem as mãos” na merenda escolar, na verba social e nos fiéis da igreja, logo vão levar até o nosso pensamento. Nesse caso, por enquanto, ainda só querem comprar…
Fonte: iSergipe (Habacuque Villacorte)
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