quinta-feira, 20 de julho de 2017

DESCASO COM A SAÚDE DE POLICIAIS CAUSA PREJUÍZOS, DENUNCIA A AMESE.

Profissionais esperam até 4 meses para atendimento psicológico.

Foto: Divulgação 
Márlio afirma que quando existia o Naps, ao ser detectado algum distúrbio, iniciava-se logo o tratamento do policial.

Centenas de profissionais da Segurança Pública de Sergipe são atendidos pelo Centro Integrado de Atenção e Apoio Psicossocial (Ciaps), da SSP. São policiais civis, militares e bombeiros que têm algum tipo de distúrbio psicológico ou vício por conta do trabalho e até mesmo por questões pessoais. Com a extinção do Núcleo de Apoio Psicossocial da Polícia Militar (Naps), os profissionais esperam meses para receber atendimento, fato que agrava ainda mais o estado de saúde e provoca até mesmo suicídios. 

O fato é que Sergipe é apontado como o mais violento do país, segundo o Atlas da Violência, e os constantes homicídios têm mexido com a cabeça dos agentes da lei. Eles são cobrados diariamente para combater a criminalidade e isso faz com que tenham depressão, estresse, transtorno de pânico, ansiedade, abusem do álcool e até mesmo de medicamentos controlados.

“O Naps tinha um trabalho muito bom com os policiais, eram psicólogos abnegados que mesmo com dificuldades financeiras faziam seu trabalho de ajudar os policiais. Infelizmente, o antigo comandante da PM, coronel Maurício Iunes, acabou com o núcleo alegando contenção de gastos e montou um núcleo no Hospital da Polícia Militar, mas que não funciona como o Naps”, comentou Márlio Damasceno, da Amese. 

Ainda segundo Márlio, quando existia o Naps a tropa era avaliada periodicamente, e quando detectado algum distúrbio logo começavam o tratamento. Um policial que atuei no caso dele chegou a ser condenado porque estava passando por problemas familiares e estava usando álcool.

“Mas em vez de afastá-lo, colocaram ele para dirigir uma viatura mesmo ele pedindo para não fazerem isso. Ele acabou capotando a viatura numa perseguição. Infelizmente, só se quer punir, mas pouca gente sabe que ele se envolveu com bebida porque o filho dele foi preso. O comando não prioriza a saúde dos policiais. Mas eles sofrem pressão psicológica, são noites perdidas. Um policial cometeu suicídio dentro do presídio, e não é só ele, isso já aconteceu com vários”, lamentou.

Fila de espera

Para ser atendido pelo Ciaps, o trabalhador da Segurança Pública tem que esperar até quatro meses. É o que informa o coordenador do Centro, o coronel Lima Alves, que também é psicólogo, por isso lamenta o fechamento do Naps. 

“O local não tem a mesma condição de trabalho e amparo que tinha no Naps, fechado pelo coronel Iunes. Ele fechou o local e perdemos o controle de tudo, até os relatórios e estatísticas. Enquanto isso, nossos policiais estão aí sem atendimento, se suicidando, como é o caso do cabo Eduardo que se enforcou dentro do presídio. Ele estava se separando, acabou bebendo e detido em uma via federal. Foi preso e no outro dia apareceu enforcado”, diz desapontado.

Para o coronel, muitos policiais estão doentes, estão obrigados a trabalhar com armas, veem cada dia mais a redução do policiamento por conta de uma incompetência operacional. 

“Hoje os profissionais estão com os horários cheios. Se o servidor precisar de atendimento psicológico imediato ele tem que procurar o Ipes, ou atendimento particular. São só quatro psicólogos, alguns estagiários da Universidade Tiradentes e uma assistente social para dar vazão a uma demanda enorme. O apoio vai desde a auxílio em problemas de ordem mental, problemas com a lei, questões financeiras, doenças crônicas etc., é uma rede de ampla assistência”, explica. 

O coordenador do Ciaps frisa que, tamanha a importância no Ciaps, e do extinto Naps, todos os casos tratados não geraram invalidez dos profissionais, ou seja, eles conseguiram retornar às suas atividades. “Conseguimos que homens e mulheres, após algum trauma como confronto, voltassem ao trabalho. Iniciando a adaptação com trabalho administrativo até a volta à atividade operacional”, destaca o coronel Lima Alves, lamentando mais uma vez que um serviço tão importante, que ajudava policiais militares, tenha sido fechado. 

Fonte:  Jornal da Cidade (Grecy Andrade)

Mais uma vez, a AMESE na luta em defesa da classe militar. Lutar sempre, desistir, jamais. Este é o nosso novo lema.

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