A Associação dos Delegados de Polícia do Estado de Sergipe (Adepol/SE) revelou, com exclusividade ao JC, que a comparação dos homicídios cometidos em 2017 e 2018 na Capital nos quatro primeiros meses do ano, aponta para um aumento de quase 20% no número de mortos, enquanto o estado já ultrapassa 400 homicídios, o que também representa um aumento, só que de 6,4%.
“Os dados demonstram com clareza que a falta de estrutura adequada para investigar e punir, além da falta de um amplo plano de segurança são os maiores entraves. O Governo carece de vontade e competência para elaborar um plano apto a reduzir principalmente o número de homicídios, taxa que nos coloca entre os primeiros Estados de todo Brasil”, lamenta o presidente da Adepol/SE, o delegado Isaque Cangussu.
Além da Capital, cidades do Interior do Estado registraram índices que surpreendem, a exemplo de São Cristóvão, que já conta com 53% de aumento, Laranjeiras com índice de 125% e, o mais caótico dos casos, Poço Verde, que já aponta para um aumento de 400% mais mortes.
“Não só surpreendem, como atestam a falta de política de Segurança Pública. Ao contrário do que defendeu o Governo Belivaldo Chagas quando, diante dos índices de criminalidade do Estado, elegeu a Segurança Pública como prioridade”, afirma o delegado e vice-presidente da Adepol/SE, Robério Santiago.
E as denúncias da entidade não param por aí. Segundo os delegados, o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), responsável pela investigação dos homicídios consumados nos municípios de Aracaju, São Cristóvão, Nossa Senhora do Socorro e Barra dos Coqueiros, acumula um número absurdo de inquéritos. São 1350 inquéritos para apenas sete delegados e quase 193 casos de morte para cada profissional solucionar.
“O número é tão elevado que, parte dele, foi encaminhado a uma Força tarefa, formada por Delegados já lotados em outras unidades, que recebem alguns desses procedimentos”, informa Isaque.
Logo após assumir o governo, Belivaldo Chagas anunciou um Plano de Segurança Pública, que contemplava 11 delegacias plantonistas no Interior do Estado, reforço nas divisas estaduais e a convocação de 50 novos policiais civis. Sobre essa tentativa de diminuir a sensação de insegurança, como bem disse Belivaldo, os delegados afirmam que tudo não passou de mais do mesmo.
“A falta de prioridade do governo nesse tema faz com que a nomeação de um pequeno número de policiais, aquisições pontuais de viaturas e armamentos representem apenas medidas tímidas diante da grave situação por que passa o Estado de Sergipe. Medidas politiqueiras não resolverão o problema de segurança”, criticou o presidente da Adepol.
Ele foi mais além: “Esse plano deveria não apenas combater a violência, de forma reativa, mas atuar contra sua estrutura, contemplando a criação de unidades especializadas na investigação de homicídios, com equipes de investigação de local de crime nos grandes centros urbanos do interior do Estado, além de uma perícia de Local de Crime mais equipada com tecnologia adequada aos tempos atuais”, sugeriu o delegado.
“Se o Governo tivesse elaborado um plano de combate ao homicídio, favoreceria o combate às outras variáveis responsáveis pelo aumento dos homicídios. Faria parcerias com setores organizados da sociedade e estimularia a aproximação aos órgãos policiais. Em suma, tudo isso demanda trabalho especializado e muita vontade política para fazê-lo”, disse o delegado Robério.
A assessoria de Comunicação da Secretaria de Segurança Pública de Sergipe (SSP/SE) informou que, de fato, houve um aumento em comparação com o ano passado, mas que, comparando com 2016 o índice de mortes foi menor.
A SSP também afirmou que constatou uma redução dos casos de homicídios em 32 municípios, aumento em outros 31, e estabilização em nove outras cidades.
Por último, a Secretaria pontuou reduções, após a chegada da Força Nacional, em bairros onde se registra uma alta mancha criminal, a exemplo do Santa Maria, Soledade, Ponto Novo e Lamarão, e aumento em outros, como Bugio, Zona de Expansão E Porto Dantas.
“Ao contrário do que ocorre em Estados que diminuíram os índices de homicídios ao longo dos anos, como São Paulo e Goiás, adotando tais estratégias, o Governo de Sergipe, de forma atabalhoada, totalmente à mercê dos fatos, anuncia um plano voltado apenas ao registro de ocorrências, através da abertura de Delegacias plantonistas e ainda aciona a Força Nacional, medidas que são apenas paliativas e que se prestam a reagir a um quadro que só se agrava ao longo do tempo”, finalizou o vice-presidente da Adepol.
Fonte: Jornal da Cidade
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