Os sergipanos estão todos enlutados com o assassinato traumático da sargenta da Polícia Militar, Eliana Costa da Silva, que prestava serviço na Assembleia Legislativa, e foi sepultada na tarde dessa sexta-feira (1º). Eliana foi mais uma militar, mais uma mulher vítima da violência registrada em nossas ruas e avenidas, que invadiu as grandes cidades e que é cada vez mais assustadora no campo. O Estado não perdeu apenas mais uma servidora, mas uma boa cidadã e mãe de família, responsável pela Educação de seus dois filhos ainda menores.
Não se trata apenas do caso isolado da PM Eliana, uma servidora pública abatida em uma tentativa de assalto, quando não estava no exercício de sua profissão e que teria reagido à ação delituosa, e sim de mais uma vida ceifada pela violência, de mais uma família desestruturada e agora cheia de incertezas. Assim como ela, centenas de sergipanos vivem à mercê da criminalidade, diariamente, de jovens que trocaram o livro e o caderno, o conhecimento, pelo dinheiro fácil, pelas facilidades que o mundo do crime e das drogas proporcionam.
Na “outra ponta” do problema, e ainda mais assustador, é ver um menor de apenas 13 anos, praticando assaltos à mão armada nas ruas, abordando pessoas, ameaçando e vitimando, matando…a prisão deste adolescente em nada conforta porque ela não trará a vida da policial de volta; seu extermínio também não é uma alternativa, não resolve o problema e só dissemina o ódio; estamos falando de uma segunda família, no mesmo crime, também destruída e sem perspectivas. Já esfacelada, ferida e agora, certamente, discriminada e visada.
Este colunista não faz apologia ao crime, não incentiva e nem defende. O crime foi cometido por um menor, de 13 anos, e ele deve ser responsabilizado sim! Deve aprender da pior forma possível a assumir as consequências de seus atos. Mas, neste caso, a responsabilidade é conjunta e deve ser dividida com todo um contexto. Entram aí a família, os amigos (em especial aos maus), a escola e o governo sim, porque é quem tem o poder social de transformar esse “sistema” tão desumano e tão desigual. Compomos uma sociedade refém dos nossos próprios erros…
Este colunista discorda de muitas teorias “reformadoras” onde a escola e o professor devem ser os principais responsáveis pela formação das novas gerações; o primeiro exemplo deve partir de casa, do lar, da estrutura familiar. É ali que os mais novos devem conhecer o respeito, a educação, a honestidade e a responsabilidade. E esse processo é moldado na escola. A própria mídia tem grande responsabilidade na formação (ou deformação) do ser humano, atualmente. Temos péssimos exemplos sendo propagados, sendo vendidos aleatoriamente, que entram sem “bater” nas nossas casas…
Eliana é apenas mais uma de várias mães trabalhadoras que continuarão sendo vítimas do crime enquanto o poder público não der uma resposta convincente, enquanto não tivermos leis mais eficientes, mais duras. O discurso de muitos “teóricos” só se consolida em seus livros e artigos. Na prática é “gente matando gente”! Enquanto os governantes do nosso País estiverem mais preocupados em “ressocializar” o cidadão do que em “socializa-lo”, essa geração que vimos nascer estará cada vez mais perdida. Os tiros dados na sargenta Eliana feriram toda uma sociedade, refém do medo. E esse não é o Brasil que eu quero…
Fonte: Diário SE (Habacuque Villacorte)
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