O Atlas da Violência, apresentado hoje, dia 5 de junho de 2018, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública – FBSP - e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA -, faz uma análise dos números da violência do período de 2006 a 2016. O Brasil em 2016 superou pela primeira vez na história a casa dos 60 mil homicídios em apenas um ano. Na última década, mais de meio milhão de brasileiros perderam a vida por morte violenta.
O relatório mostra também realidades distintas entre os Estados. Enquanto Estados como São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro reduziram a taxa de homicídio na última década, respectivamente, em 46,7% (SP), 37,2% (ES) e 23,4% (RJ), Estados como Rio Grande do Norte, Sergipe e Maranhão, aumentaram o número de homicídios, respectivamente, em 256,9% (RN), 121,1% (SE) e 121,0% (MA).
Como o Atlas da Violência analisa os dados até o ano de 2016, Sergipe continua na frente com as maiores taxas de homicídios por 100 mil habitantes (64,7), seguido por Alagoas (54,2) e Rio Grande do Norte (53,4).
Juventude perdida: jovens de 19 a 25 anos - Outro índice alarmante que traz Sergipe como campeão (?), é a taxa de homicídios de jovens. Enquanto São Paulo registrou 19 homicídios por grupo de 100 mil jovens, Sergipe registrou no mesmo período (2016) 142,7 homicídios por grupo de 100 mil jovens, quando a média nacional é de 65,5 jovens mortos por 100 mil.
Quando se observa o perfil do jovem masculino, os valores crescem drasticamente, mantendo-se Sergipe em primeiro lugar, com 280,6 homicídios por grupo de 100 mil jovens, seguido por Alagoas (240,0), Rio Grande do Norte (237,3) e Bahia (218,4).
Violência contra negros - As taxas de homicídio revelam a magnitude da desigualdade racial no Brasil. Por exemplo, no ano de 2016 a taxa de homicídio de negros (pretos e pardos) foi duas vezes e meia superior à de não-negros (brancos, amarelos e indígenas): 16,0% contra 40,2%.
No ano de 2016, as duas maiores taxas de homicídios de negros foram nos Estados de Sergipe e Rio Grande do Norte, respectivamente, 79,0% e 70,5% por 100 mil habitantes. Quando analisado o período de 2006 a 2016, Sergipe e Rio Grande do Norte foram os Estados que mais cresceram a taxa de homicídios de negros por 100 mil habitantes: RN com 321,1% de crescimento e Sergipe, com 172,3%.
Violência contra mulheres - Sergipe saltou de 40 homicídios de mulheres em 2006, para 60 homicídios em 2016. Um aumento de 50% em uma década, enquanto a média nacional sofreu um aumento de 15,3%.
A taxa de homicídios de mulheres negras sofreu um aumento de 87% na década de 2006 a 2016, enquanto a taxa de homicídios de mulheres não-negras teve uma redução de 32,4% no mesmo período.
O Atlas da Violência ainda traz dados sobre armas de fogo, estupro, mortes violentas indeterminadas, dentre outros dados, fica a sugestão de leitura, disponível no site www.forumseguranca.org.br.
Os números trazem dados alarmantes para nosso pequeno Estado, e vai de encontro aos discursos de que a violência está diminuindo e sob controle. A mera constatação destes dados não resolve o problema, tampouco trará a vida de pessoas amadas que perdemos para a violência.
Os sergipanos precisam de políticas públicas que façam com que nosso Estado seja um dos mais tranquilos, como era há apenas duas décadas. Não estamos dispostos a continuar ouvindo de determinadas autoridades que os homicídios em Sergipe guardam relação com o tráfico de drogas.
Minha continência a sargento Eliana Costa, assassinada covardemente por um adolescente. Minhas condolências à família, rogando a Deus que dê força ao seu esposo e filhos, parentes e amigos, para conseguir conviver com essa perda irreparável.
Artigo escrito pelo Coronel RR Henrique Alves Rocha
Fonte: JL Política
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