Sergipe, o menor estado da federação, apresenta, vergonhosamente, a taxa de 64,7 no número de homicídios por 100 mil habitantes, a maior do país. É o que aponta o Atlas da Violência 2018, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta terça-feira, 5, tendo como análise os anos entre 2006 e 2016.
Pelo espelho do retrovisor, Sergipe vê outras seis unidades federativas do Norte e Nordeste com as maiores taxas de homicídios por 100 mil habitantes: Alagoas (54,2), Rio Grande do Norte (53,4), Pará (50,8), Amapá (48,7), Pernambuco (47,3) e Bahia (46,9). Entre os 10 estados onde a violência letal cresceu no período analisado, estão o Rio Grande do Sul e nove pertencentes às regiões Norte e Nordeste.
Homicídios de jovens
Quando o assunto é homicídio de jovens, Sergipe também desponta na liderança e segue com a taxa mais elevada, 280,6, seguido por Alagoas, Rio Grande do Norte, Bahia e Pernambuco, estados que apresentaram taxas superiores a 200 jovens homens mortos por grupo de 100 mil em 2016. Por sua vez, São Paulo, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul seguem apresentando as taxas menos elevadas, de 34,4, 48,8 e 71,9 jovens homens vitimados por homicídio por grupo de 100 mil, respectivamente.
Assim, a taxa média de homicídios de jovens homens no Brasil salta para 122,6 por grupo de 100 mil.
Homicídios de negros
Uma das principais facetas da desigualdade racial no Brasil é a forte concentração de homicídios na população negra. Quando calculadas dentro de grupos populacionais de negros (pretos e pardos) e não negros (brancos, amarelos e indígenas), as taxas de homicídio revelam a magnitude da desigualdade. É como se, em relação à violência letal, negros e não negros vivessem em países completamente distintos. Em 2016, por exemplo, a taxa de homicídios de negros foi duas vezes e meia superior à de não negros (16,0% contra 40,2%). Em um período de uma década, entre 2006 e 2016, a taxa de homicídios de negros cresceu 23,1%. No mesmo período, a taxa entre os não negros teve uma redução de 6,8%.
Cabe também comentar que a taxa de homicídios de mulheres negras foi 71% superior à de mulheres não negras. As maiores taxas de homicídios de negros encontram-se nos estados de Sergipe (79,0%) e do Rio Grande do Norte (70,5%). Na década 2006-2016, esses estados foram também onde a taxa mais cresceu: 172,3% e 321,1%, respectivamente. Já as menores taxas de homicídios de negros foram encontradas nos estados de São Paulo (13,5%), do Paraná (19,0%) e de Santa Catarina (22,4%).
Por arma de fogo
Em Sergipe, a porcentagem de homicídio por armas de fogo já atinge 85,9% do total. Nos últimos dez anos, o crescimento na taxa de homicídio por arma de fogo no país (15,4%) foi próximo ao crescimento na taxa de homicídio por qualquer meio. Os maiores aumentos na violência armada no período ocorreram exatamente nas Unidades Federativas em que os homicídios avançaram em marcha acelerada, como no Rio Grande do Norte (349,1%), Acre (280,0%), Tocantins (219,1%) e Maranhão (201,7%).
Brasil
O Brasil atingiu, pela primeira vez em sua história, o patamar de 30 homicídios por 100 mil habitantes. A taxa de 30,3, registrada em 2016, corresponde a 62.517 homicídios naquele ano, 30 vezes o observado na Europa naquele mesmo ano.
Apenas entre 2006 e 2016, 553 mil pessoas perderam suas vidas devido à violência intencional no Brasil. Entre 1980 e 2016, cerca de 910 mil pessoas foram mortas pelo uso de armas de fogo no país. Uma verdadeira corrida armamentista que vinha acontecendo desde meados dos anos 1980 só foi interrompida em 2003, com a sanção do Estatuto do Desarmamento. Em 2003, o índice de mortes por armas de fogo era de 71,1%, o mesmo registrado em 2016.
Os homicídios respondem por 56,5% dos óbitos de homens entre 15 a 19 anos no Brasil. Em 2016, 33.590 jovens foram assassinados – aumento de 7,4% em relação a 2015 –, sendo 94,6% do sexo masculino.
Fonte: Jornal da Cidade
Nenhum comentário:
Postar um comentário