O episódio ocorrido no último sábado, envolvendo a invasão de uma propriedade por delinquentes, com o consequente assassinato de um policial militar e, o registro, pelas redes sociais, do agonizante pedido de socorro, faz-nos pensar o quanto estamos vulneráveis e impotentes, diante de atos de violência de uma criminalidade crescente e sem controle.
Recentemente, eu que sou policial militar e detenho um nível de informação privilegiada, recebi pelo Whatsapp um pedido de socorro de alguém que presenciou o assassinato de um pai de família, em uma região periférica de Aracaju. Este pedido de ajuda era feito por um áudio e o solicitante dizia que presenciou o ocorrido e os três elementos envolvidos estavam bem próximos dele e fazendo um tipo de comemoração pelo o resultado obtido. Além do áudio o informante enviou foto dos três elementos e dava para ouvir vozes deles conversando.
Era final de semana. Eu queria agilizar tudo e dá uma resposta a pessoa que aguardava ansiosa minhas orientações. Pensei - QUEM PODERIA me ajudar e fosse verificar tal situação. Peguei minha agenda e telefonei para uns três números do pessoal da Polícia, mas nenhum atendeu. Tentei o 190, sempre caia e nada de resultado.
Eu gostaria tanto de responder positivamente, àquele pedido de socorro que confiou em repassar tantos dados sigilosos para mim, MAS NINGUÉM me ouvia.
Resolvi repassar todos os dados recebidos a um grupo de Whatsapp de policiais militares e também a um oficial de posto superior, mas o máximo que recebi, já algum tempo depois, era um registro de uma CARINHA com os olhos assustados de retorno.
Fico aqui imaginando quantos pedidos de ajuda, de todos os tipos: homicídios, assaltos, violência doméstica, agressões públicas, badernas, tráfico... a sociedade tenta acionar sua Polícia e deixa de ser atendida e/ou quando chega ao local sua eficacia já se perdeu?
Como a nossa Polícia poderia ser mais eficiente, disponibilizando um setor para receber esses pedidos de SOCORRO, pelo menos de seus policiais, não por ser privilegiados, mas por ser uma referência onde estiver e, a população recorre a ele como último recurso, em caso específicos e de extrema gravidade?
Quantos pedidos de SOCORRO vamos ter o desprazer de ouvir e lamentar a perda de vidas humanas, por ineficiência dos órgãos de Segurança Pública que deixaram a violência brutal e desenfreada colocarem Sergipe como o Estado mais violento do País?
Precisamos fazer alguma coisa. Sergipe nunca foi assim. Por que os índices criminais no nosso Estado estão tão altos? Como estão as estratégias de nossa política de Segurança Pública? Como está a interação Polícia e Sociedade? SERGIPE PEDE SOCORRO, AGONIZANDO...
Artigo de autoria do Coronel PM RR José Péricles Menezes de Oliveira
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