Alerta parte do deputado Capitão Samuel. Tropa se sente injustiçada
“O Tribunal de Contas precisa explicar porque passou tanto tempo vendo leis encaminhadas pelo Poder Executivo entrarem em vigor com o Estado acima do limite prudencial e não se pronunciou… Agora, em relação aos militares aposentados, resolveu se pronunciar… É uma coisa inaceitável. Parece até que é uma guerra do Estado como um todo contra os militares… Será que só vão olhar nossa importância quando a gente anunciar uma greve? Eu disse uma vez a Marcelo Déda, lá atrás, o que uma atitude como essa iria gerar, e gerou. Essas situações poderão gerar uma situação insustentável no Estado”, alerta o deputado estadual Capitão Samuel Barreto (PSC).
O que o senhor quis dizer com “só o policial está na linha de frente do TCE”?
O Tribunal de Contas precisa explicar porque passou tanto tempo vendo leis encaminhadas pelo Poder Executivo entrarem em vigor com o Estado acima do limite prudencial e não se pronunciou. Vendo diversas leis que interferiram no aumento de despesa para a previdência e não se pronunciou. Agora, em relação aos militares aposentados, o Tribunal de Contas resolveu se pronunciar. O pior é que durante o período dessa lei têm várias outras que beneficiam outras classes e o TCE não se pronunciou. É uma coisa inaceitável. Parece até que é uma guerra do Estado como um todo contra os militares em nível de Brasil. Parece que ser militar agora virou uma questão de todo mundo ir pra cima, só porque nosso presidente é capitão e colocou vários generais em cargos? Deveriam observar primeiro a competência desses homens, a importância da Polícia Militar para a segurança pública de Sergipe. É a única instituição que, se parar um dia, o Estado para. Todas as categorias podem fazer greve. Quando a polícia diz que vai fazer greve é um Deus nos acuda. Será que só vão olhar nossa importância quando a gente anunciar uma greve? É essa minha preocupação. Eu espero que o TCE reveja.
O senhor votou favorável ao Projeto de Lei que deu a inflação aos servidores do TCE…
Votei favorável porque os servidores não têm culpa. Um dos argumentos que o Tribunal de Contas está usando é que só pode aumentar despesa se for baseada na inflação. Por isso mandaram o índice inflacionário e poderiam aumentar a despesa da ativa e também do Sergipe Previdência dos aposentados do TCE. Se for falar em inflação, os servidores do Tribunal de Contas tiveram cinco inflações reajustadas. Os militares de Sergipe estão cinco anos sem reajuste. Se por acaso for dar apenas a inflação desse período dá duas vezes o valor desse direito adquirido que eles querem tirar. É um direito adquirido. Nem a Justiça tira e o Tribunal de Contas retira. Pra completar, ainda assessores do governador queriam modificar a lei que paga as horas extras, o trabalho extraordinário de policiais militares, bombeiros e policiais civis. O entendimento de modificar é reduzir o valor. Se, em 2016, foi aprovada a lei, em 2017, foi estendida à Polícia Civil – e o Estado começou a pagar novamente. Agora, em 2019, vai dar um outro entendimento para reduzir o valor? Se fossem colocar nessas horas dos policiais a inflação de 2016 até 2018 já deveria estar maior. Mas, três anos depois, querer reduzir esse valor? Um entendimento desse em cima do São João, onde os policiais já não tiveram a inflação, os bombeiros não tiveram inflação, todos recebendo salários atrasados, vai precisar dobrar o efetivo porque são muitas festas, muitos eventos culturais, será que não é achar que a crise é um fogo e querer pagar esse fogo jogando gasolina? Eu chamei a atenção desse assessor do governador que deu essa ideia, eu vi o comandante da Polícia Militar, coronel Marconi Cabral, preocupado, eu vi o secretário de segurança extremamente preocupado com a situação porque eles abem o que está acontecendo dentro da tropa. Os dois estão correndo atrás, conversando com a Seplag e com o governador Belivaldo porque realmente, em cima do São João, podemos ter uma crise da segurança pública e não será bom para ninguém, sobretudo para a população que não tem culpa de nada de um entendimento de um assessor que acha que tem que modificar as coisas depois de três anos.
Então, a tropa pode deflagrar uma greve? É um alerta?
Sim. O agente prisional recebe a Retae, os bombeiros recebem, o policial civil recebe e o militar também. Vão juntar todas as classes da segurança pública imbuídas com um único objetivo. Imagine o que é isso no São João? O agente prisional, quando está lá, colocam um policial para segurar. Quando não, remanejam. Mas vão remanejar o quê se todos estão na mesma luta? É bom que os assessores que estão falando isso nas secretarias, eu espero que o governador chame todos, sente e diga que querem brincar porque os homens e mulheres militares já não tiveram cinco anos de inflação, não tiveram reajuste, estão com salários atrasados e continuam trabalhando nas ruas reduzindo o índice de criminalidade, sendo uma das melhores polícias em matéria de elucidação de crime. Estamos caminhando para Sergipe ser um estado em paz. Do pouco que tem querem tirar, então, realmente, não querem que trabalhe. Eu espero e tenho convicção que Belivaldo vai chamar e resolver essa situação.
Agrava a situação o fato de as pessoas estarem nas festas se divertindo, enquanto o policial trabalha arriscando a vida?
O pior que é na folga. Essa Retae é o policial que trabalha, que mantém seu serviço normalmente à sociedade, e, na folga, quando deveria estar em casa brincando seu São João, o militar é obrigado a ir trabalhar, porque os agentes prisionais e os policiais civis são convidados, e agora querem reduzir esse valor que ele é obrigado a trabalhar. É uma coisa que realmente querem brincar com a situação. Eu disse uma vez a Marcelo Déda lá atrás o que uma atitude como essa iria gerar, e gerou. Essas situações poderão gerar uma situação insustentável no Estado. Não tenham dúvida disso.
O senhor está ecoado o sentimento da tropa…
Eu tenho os grupos que converso com os militares, visito os quartéis. A ativa está triste com o que estavam fazendo com a reserva, mas agora a ativa está triste com o que está acontecendo com a reserva e revoltada com o que está acontecendo com eles. É querer apagar fogo com gasolina. É uma coisa muito séria e eu espero que seja resolvido o mais rápido possível.
O senhor está sendo compreendido pelos demais deputados, pelo governador?
Eu tenho uma conversa muito boa com o governador, muito tranquila. Aquilo que a gente se entende, a gente combina. Aquilo que não dá para ter um entendimento, ele me compreende e eu o compreendo. Com o governador, estou tendo uma relação extremamente democrática e republicana. Com a equipe dele, tem um lugar que é melhor e outro que é pior. Na Assembleia, são 24 iguais. Na Casa, a preocupação não é agradar nenhum dos 23 – e os 23 não têm obrigação nenhum de agradar o Capitão Samuel. Na Casa, eu defendo a valorização do Poder Legislativo, a valorização da função de deputado estadual e o nosso trabalho, que seja cada vez mais próximo da população. Esse é o meu pensamento, sem querer agradar ou desagradar alguém, mas também não me preocupo se uma das duas situações acontecer.
Fonte: Universo Político (Joeson Telles)