Centro, Santos Dumont e o Santa Maria são os bairros com mais registros de roubos, segundo a SSP.
Foto: Jadilson Simões/Equipe JC
Apesar da recente divulgação por parte da Secretaria de Segurança Pública de Sergipe (SSP/SE) de uma redução no número de mortes violentas (homicídios dolosos, latrocínios e lesão corporal) em Sergipe, quando o assunto é assalto, a capital parece não seguir no mesmo clima apaziguador.
De acordo com os números obtidos através da Coordenadoria de Estatística e Análise Criminal (CEACrim), órgão vinculado à Superintendência de Polícia Civil do Estado, já foram computados mais de quatro mil roubos na capital, de janeiro até o dia 18 de junho. Para ter mais precisão, 4.376 delitos dessa natureza.
“Entraram aqui em casa e eu estava dormindo com os meus filhos. Desarrumaram tudo, mexeram em tudo. Meu filho mais velho acordou e quando viu já tinham pulado o portão. Levaram um videogame e um celular da minha nora, que estava carregando na tomada da sala. Mas, ficou por isso mesmo. Eu não fui dar queixa porque não ia dar em nada mesmo”, afirma a aposentada Conceição Félix, que reside no Centro da cidade.
A escolha em entrevistar alguém residente do Centro de Aracaju não se deu à toa. O Centro é o primeiro colocado no ranking de assaltos na capital. Ao todo, apenas em 2019, já foram registrados 362 boletins para assaltos nessa área.
Na segunda posição, com 325 ocorrências registradas, está o bairro Santos Dumont, seguido pelo Santa Maria, que perde a posição apenas por um assalto a menos (324).
Comparando o ranking com os números de 2018, a realidade possui muita semelhança. Os três primeiros bairros são os mesmos, só que em posições diferentes. Vale ressaltar que os números de 2018 referem-se a todos os meses do ano.
Na primeira colocação está o bairro Santa Maria, com 982 assaltos, seguido do Santos Dumont, com 802, e do Centro com 751 registros de ações de marginais.
“Não consigo entender como o Santos Dumont é mais violento do que o Santa Maria. Ainda mais que lá tem a Delegacia Plantonista”, questiona a moradora do Centro.
Apesar da indagação da senhora Conceição fazer sentido, uma análise mais criteriosa pode levar à resposta para a pergunta da vítima. É possível que a facilidade em ter uma Plantonista no bairro leve as vítimas a realizarem o registro da ocorrência.
A própria Conceição deixou de fazer o seu registro por desacreditar das forças policiais. Por falar nessa falta de registro, o relações públicas da Polícia Militar de Sergipe, tenente-coronel Machado, relata que o Boletim de Ocorrência é fundamental para que ações mais contundentes para determinadas áreas sejam direcionadas.
“Todo o policiamento, seja na capital ou no interior, a Polícia Militar se baseia no planejamento estratégico e de acordo com a mancha criminal, tentando identificar onde há a maior incidência do crime, seja o roubo ou qualquer outro delito, e baseado nessas informações é colocado o policiamento de forma inteligente. Nós temos um núcleo de inteligência da corporação que trabalha com esses dados e nos auxilia. É muito importante que a sociedade faça a parte dela e registre o Boletim de Ocorrência, já que a polícia não tem como adivinhar onde estão ocorrendo os crimes. Se não houver o registro, nós vamos identificar que naquele bairro não está tendo nenhum delito”, explica o tenente-coronel.
Apesar de não estar entre os três primeiros do ranking, o bairro Atalaia também não possui um número elevado de registros delituosos dessa natureza, o que o faz ocupar pelo segundo ano consecutivo a quarta colocação. Apenas este ano, já são 249 boletins.
Contrapondo os bairros com elevada mancha criminal, três bairros se destacam nas últimas colocações. São eles: Palestina, com 21 registros; Pereira Lobo, com 29, e o Salgado Filho com 36 ocorrências.
“Mas, obviamente, o que vale são os dados estatísticos. Por isso, é muito importante o registro. A eficiência se dá de acordo com a mancha criminal”, finaliza o tenente-coronel Machado.
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