Antônio Aginaldo de Oliveira é coronel da PM no Ceará. Discurso foi feito durante assembleia que votou por fim da paralisação
O diretor da Força Nacional, coronel Antônio Oliveira, é marido da deputada federal Carla Zambelli Foto: Divulgação/Facebook
O diretor da Força Nacional, Antônio Aginaldo de Oliveira, chamou os policiais militares amotinados no Ceará de "gigantes" e "corajosos" por terem paralisado por aumento salarial e melhores condições de trabalho. A Constituição Federal, no entanto, proíbe esses profissionais de fazerem greve. Coronel da PM no Ceará, Oliveira se casou no mês passado com a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), uma das parlamentares mais próximas ao presidente Jair Bolsonaro. O ministro da Justiça Sergio Moro, inclusive, foi um dos padrinhos da cerimônia, em que chegou a discursar e fez elogios à "coragem para protestar" de Zambelli.
A declaração de Oliveira foi feita durante a assembleia no 18º Batalhão da PM, em Fortaleza, na noite do último domingo, na qual os policiais votaram pelo fim do motim. A categoria aceitou a proposta definida por uma comissão especial com integrantes dos três poderes do Ceará, além de representantes da própria PM.
— Encerrando essa paralisação hoje, podem ter certeza, os senhores vão sair daqui do tamanho do Brasil. Já são grandes, já são corajosos. É muita coragem fazer o que os senhores estão fazendo. Não é para todo mundo. Os covardes nunca tentam, os fracos ficam pelo meio do caminho. Só os fortes conseguem atingir os seus objetivos. E vocês estão atingindo seus objetivos. Vocês movimentaram toda uma comissão de Poderes constituídos do estado cearense e do estado brasileiro, do governo federal. Os senhores se agigantaram de uma forma que não tem tamanho, que é do tamanho do Brasil — disse o coronel.
Criada em 2004, a Força Nacional é uma cooperação entre estados e a União para atuar em situações de emergência e calamidade pública e está subordinada à pasta chefiada por Moro.
Depois de elogiar os agentes de segurança, Oliveira também pediu aos policiais que retornassem ao trabalho para que impedissem mais mortes em razão da violência no Ceará. Houve 241 mortes durante os nove dias de paralisação em todo o estado.
— A sociedade cearense clama pela presença nossa, de policiais nas ruas neste momento. São centenas de mortes nos últimos dias. Se os senhores não voltarem, essas mortes não cessarão e atingirão os nossos amigos, familiares, entes queridos e pessoas inocentes. E acredito que nenhum de vocês quer isso. Acreditem no governo, acreditem no que foi pactuado. Será covardia se o que foi pactuado aqui não for cumprido. E a luta será pior se isso não acontecer. Acreditem, vocês são gigantes, são monstros, são corajosos — declarou.
O acordo aceito pelos policiais no domingo não prevê anistia aos que participaram do motim, uma das exigências dos policiais originalmente, mas assegurou que os PMs terão acompanhamento de instituições como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Defensoria Pública e o Exército durante os procedimentos legais. A proposta que foi aceita também estabelece que o governo do Ceará não vai realizar transferências de policiais para trabalhar no interior do estado pelos próximos 60 dias.
Segundo o G1, o governo cearense também garantiu investimento de R$ 495 milhões para aumentar os salários dos policiais até 2022. Os agentes deveriam desocupar todos os batalhões e retornar aos postos de trabalho na manhã desta segunda-feira.
Fonte: O Globo (Guilherme Caetano)
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