A primeira dificuldade enfrentada pela equipe do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar, que prestou apoio na ocorrência, foi a aglomeração de pessoas em volta da mulher que cogitava o suicídio. “Tinha muita gente. Muitos filmando, fazendo fotos, criando um espetáculo diante de um cenário triste. A gente percebeu que isso tava deixando ela ainda mais aflita”, explica Givalmaria. As equipes policiais precisaram criar uma área de contenção para afastar curiosos para que, finalmente, permitisse o trabalho do Corpo de Bombeiros.
É aí que se inicia uma outra difícil fase do trabalho de salvamento: conquistar a confiança da pessoa que, por motivos diversos, vê no suicídio uma solução para suas dores. “Toda aquela aglomeração havia deixado ela mais agitada, a ponto de não permitir que ninguém se aproximasse. Nessas horas a gente tem que conduzir o diálogo de forma descontraída, entender o que se passa, e aí eu fui conseguindo até fazê-la rir, tornando o ambiente mais leve, ganhando essa confiança”, detalha a militar.
Esse tipo de condução de diálogo faz parte da preparação de profissionais do Corpo de Bombeiros, que diariamente lidam com casos assim. De acordo com dados da corporação, entre janeiro e novembro do ano passado, as equipes foram acionadas para 92 ocorrências do tipo – o equivalente a uma a cada três dias. O número foi maior que o total de ocorrências de todo ano de 2019, quando houve o registro de 87 chamados do tipo.
O tenente Fabiano Queiroz, do Corpo de Bombeiros, explicou que o atendimento a uma ocorrência de tentativa de suicídio é complexa e os profissionais da segurança pública precisam estar atentos às mudanças que podem ocorrer no andamento do resgate. “A ocorrência de tentativa de suicídio é bastante estressante, tanto para a pessoa que está em vulnerabilidade, quanto para a equipe de socorro, que terá que agir com o conhecimento profissional e o preparo psicológico”, reforçou.
O tenente ressaltou que há a possibilidade de não existir condições de aproximação da vítima, de modo que é necessário todas as alternativas para convencer a pessoa em vulnerabilidade a aproximar-se dos socorristas. “Na maioria das vezes, o que fazemos é convencer a vítima que precisa vir até nós, até um lugar seguro. Esse tipo de ocorrência é bastante mutável, será adaptada de acordo com o que será encontrado no momento. Mas, na maioria das vezes, nós dividimos a guarnição em duas equipes”, complementou.
No caso registrado nesta sexta-feira, 22, a condução da subtenente Givalmaria foi essencial para contornar a situação. Após a chegada de uma companheira da pessoa em vulnerabilidade, a subtenente convenceu que elas se abraçassem, permitindo, então, que militares do Corpo de Bombeiros se aproximassem e fizesse a contenção da vítima, retirando-a em segurança do parapeito da ponte.
Mesmo com 21 anos dedicados ao Corpo de Bombeiros, Givalmaria não esconde a emoção ao conseguir salvar mais uma vida. “A gente sai muito gratificado, porque conseguimos salvar aquela vida. Nem sempre a gente consegue. É triste porque a gente sabe que quem toma uma decisão como essa, é porque está no seu limite, é uma tentativa de fugir das dores, é um grito. O que a gente sempre pede é que as pessoas se cuidem, olhem os seus familiares, amigos, vizinhos. O sorriso no rosto as vezes engana e esconde o que se passa por dentro”, alerta a militar.
Fonte: Fan F1
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