INCÊNDIO DO NESTOR PIVA: DOIS ANOS APÓS O OCORRIDO, FAMILIARES DAS VÍTIMAS FALAM EM SAUDADE E BUSCA POR DIREITOS.

Dois anos após um incêndio que atingiu a Ala de Covid do Hospital Municipal Nestor Piva, em Aracaju, parentes da vítimas falam sobre a saudade e a busca por direitos. Na ocasião, cinco pacientes tiveram o quadro de saúde agravado e morreram e mais de 70 foram transferidos para outros hospitais.

Uma das vítimas do incêndio foi a comerciante, Nadja Maria Bispo Aranha Silva, que deixou o marido e um filho. “Eu e meu pai estamos aprendendo com as dificuldades. Saber que minha mãe morreu por problemas no hospital, é revoltante”, desabafou Felipe Silva. O laudo do incêndio concluiu que ele foi provocado pelo aquecimento do aparelho de ar-condicionado. Duas pessoas foram indiciadas.

Para o viúvo, Janisson Silva, além de ter que lidar com a perda da esposa com quem foi casado por 30 anos, ele precisou recomeçar profissionalmente, já que pouco antes de Nadja pegar Covid ele havia deixado o emprego para montar um negócio com ela.

"Desde o ocorrido a Prefeitura de Aracaju nunca fez qualquer tipo de contato para prestar assistência", lamentou. Por isso, a família decidiu acionar o município judicialmente pedindo a reparação dos danos e responsabilização dos envolvidos.

A dor enfrentada pela família de Nadja, também é compartilhada pelos familiares de Alenice Tavares, de 57 anos, que morreu em decorrência do incêndio. Um dos filhos dela, Washington Tavares, contou que superar a perda da mãe tem sido muito difícil e que se sente traumatizado.

“Minha mãe era a minha fortaleza, minha conselheira em tudo que eu ia fazer. Até hoje não sei o que é mais ter alegria. Criei um trauma psicológico ao passar pelo Hospital Nestor Piva”, disse ao contar que atualmente faz acompanhamento psicológico e psiquiátrico.

Assim como Felipe, Washington afirma que desde o incêndio a família dele não recebeu nenhum apoio do município. “Não obtivemos apoio nenhum, nem moral e nem psicológico pela prefeitura e nem pela administração do hospital. Foram 57 anos destruídos por falta de responsabilidade operacional e má administração do hospital”.

A família de Alenice também acionou a prefeitura pedindo reparação por danos morais, má prestação dos serviços e negligência no atendimento e cuidado com a paciente.

O que diz a Secretaria da Saúde

Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Aracaju informou que existem duas demandas judiciais pleiteando indenização por conta do sinistro ocorrido no Hospital Zona Norte, em 2021. Um processo encontra-se em fase de recurso e outro não foi julgado em primeira instância.

A prefeitura informou ainda que reitera que adotou todas as providências durante e após o ocorrido no referido hospital, prestando assistência clínica e psicológica aos familiares das vítimas.

Fotos:  TV Sergipe

Fonte:  G1 SE (Leonardo Barreto e Joelma Gonçalves)