sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A FORÇA DAS ASSOCIAÇÕES.

A tropa está unida, não no sentido de seguir a mesma orientação, mas para fazer valer as suas reivindicações. As associações militares conseguiram a força de sindicato. Com uma vantagem importante: todas cumprem rigorosamente decisões que vêm dos líderes e das bases. Um fato que chama a atenção: a hierarquia dentro deste sistema de representação de classe não consegue abafar os movimentos. Há uma razão: todos se conscientizaram que são soldados, graduados ou não. E com essa força vão ao confronto, dentro de argumentos e atos que aniquilam qualquer ação punitiva. Há um movimento por melhores condições de trabalho e chegou ao ápice exatamente no período do Pré-Caju, aonde milhares de pessoas vão às ruas, agitadas pelo som alucinante que vem dos trios e embalados pela bebida alcoólica e outros trecos, para se expor à violência. A redução de um esquema robusto de segurança põe em risco a sociedade e faz a festa para a marginalidade.

As associações podem até exagerar em relação a um movimento para evitar o policiamento ostensivo em um evento que reúne milhares de pessoas. Não será bom para os rebeldes caso ocorra algum incidente, decorrente da escassez de policiais, que utilizaram da doação de sangue para justificar a ausência. Entretanto, o objetivo do movimento é bom. Não se trata de aumento salarial, mas de condições para o trabalho. E isso é fundamental para o bom desempenho de quem vai às ruas defender a sociedade e combater a marginalidade, que aflora no Estado. A Segurança precisa ser revista (ou passada em) para deixá-la funcionando com policiais utilizando coletes à prova de bala, viaturas emplacada, revisadas e licenciadas, carga horária dentro dos limites determinados por lei e toda uma estrutura que favoreça o desempenho daqueles que cuidam do cidadão. Tem que preparar melhor o policial para o relacionamento com a população, principalmente os mais pobres, e passar a ser vista como protetora e não agressora.

Em poucas palavras, a polícia precisa se reciclar.

Essa mudança no formato policialesco pede urgência. As associações dos policiais militares estão politizadas e não há tranquilidade na caserna. O que ocorre no Pré-Caju pode se repetir no carnaval (mesmo que se trate de uma cidade arredia ao momo) ou no São João, que é comemorado em todo o Estado e reúne um mundo de pessoas. O governador Marcelo Déda certamente está atendo a esse movimento que, de alguma forma, respinga em seu Governo. Não dá para ficar refém desse eterno mal-estar entre comandantes e comandados. Como na política, nas instituições tem que se buscar o consenso em torno de interesses comuns, que não privilegie segmentos outros dentro de um mesmo conglomerado. Isso, na lógica militar, respeitando a hierarquia. Sem ela nenhuma estrutura policial se sustenta. A anarquia faz com que qualquer comando se desmorone. Está na hora de chamar o feito à ordem. Por as coisas no lugar e exigir serenidade, para que a sociedade não se transforme vítima de uma estrutura debilitada.

Fonte: Texto escrito pelo jornalista Diógenes Brayner

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