domingo, 15 de janeiro de 2012

HOMICÍDIOS EVIDENCIAM INSEGURANÇA EM SÃO CRISTÓVÃO.

Cinco assassinatos foram registrados este mês no município

José Robson dos Santos, Phylip Aleffe Vieira de Jesus, Alexon Silva Carmo dos Santos, Ricardo Lima Santos, Amintas Correia Porto. São esses os nomes das cinco vítimas dos homicídios ocorridos apenas no município São Cristóvão até a última sexta-feira, 13º dia de 2012.

Se continuar nesse ritmo, São Cristóvão – que, de acordo com dados de 2010, tem algo em torno de 79 mil habitantes – contará cerca de 140 homicídios dolosos (os que são praticados com a intenção de matar) ao final do ano. Só para se ter uma ideia, na cidade do Rio de Janeiro, uma das mais perigosas do país, houve uma taxa de 32 crimes desse tipo para cada 100 mil pessoas em 2009, de acordo com informações do Instituto de Segurança Pública. O Rio tem mais de 6,3 milhões de habitantes.

Violência

Entretanto, para o coordenador da Delegacia Especial de Homicídios, o delegado Flavio Albuquerque, esse período não pode ser usado como exemplo. “É uma situação atípica. Isso não quer dizer jamais que isso vai se replicar nos próximos 11 meses”, disse.

De fato, o índice de 140 casos estaria muito acima daquele que a cidade vem apresentando nos últimos anos. Segundo a Coordenadoria de Estatística e Análise Criminal (CEACrim), da Superintendência de Polícia Civil, São Cristóvão registrou 47 homicídios até novembro de 2011. “Está provado que o período de verão tende a ter mais casos que no inverno. Em 2009, 2010 e 2011 houve números semelhantes [no total anual]”, argumentou Albuquerque.

Mas essa cifra – 47 – não deixa de ser surpreendente: consideradas as proporções, ela ainda estaria acima da taxa relativa carioca. E bastante próxima das de outras localidades já tidas como problemáticas no Estado – em Itabaiana, com aproximadamente 87 mil habitantes, ocorreram 48 assassinatos entre janeiro e novembro de 2011.

Também espanta a situação de semelhança que existe entre a antiga capital sergipana e algumas das mais violentas cidades do mundo, listadas pela organização não-governamental mexicana Consejo Ciudadano para la Seguridad Pública y Justicia Penal na última sexta, 13. Se compararmos os dados absolutos de São Cristóvão com os relativos às ocorrências de homicídios a cada 100 mil pessoas nas cidades com mais de 300 mil habitantes, o pequeno município se situaria entre a sul-africana Cidade do Cabo e a jamaicana Kingston – ou seja, entre o 34º e o 33º lugar das campeãs em assassinatos.

Tráfico

De acordo com o coordenador das Delegacias da capital, Fernando Melo, a maior parte dos homicídios ocorridos neste ano em São Cristóvão já teve seus possíveis responsáveis apontados pelos inquéritos. “O departamento de homicídios solucionou quatro desses casos, já com a divulgação dos autores. Só o do último que ainda não foi identificado”, afirmou.

“É preciso verificar o que motivou esses homicídios”, considerou Flavio Albuquerque. “Por trás deles está, muitas vezes, o tráfico de drogas. Em Enseada [do Apicum Merém, povoado do município], houve recentemente um tiroteio entre grupos envolvidos no tráfico, por exemplo”, comentou o delegado.

Essa é a mesma opinião do tenente-coronel Enílson Aragão, comandante da Polícia Militar (PM) da capital. “A gente tem que olhar a origem desses assassinatos. Às vezes, esses homicídios são acertos de contas. Você pode colocar mil policiais e não consegue deter os homicídios do tráfico de drogas”, disse o comandante, se referindo ao policiamento ostensivo e à qualidade ‘migratória’ dos grupos que atuam no mercado ilegal de entorpecentes. “Há a necessidade da intervenção de uma política pública consistente e integrada”, clamou.

Mesmo assim, a PM realizou uma operação de visibilidade em São Cristóvão na manhã da sexta passada, 13, por conta da violência crescente. Segundo Aragão, 15 motocicletas do Grupamento Especial Tático em Motos (Getam) foram utilizadas para ‘cobrir’ a cidade-sede e o conjunto Rosa Elze. O tenente-coronel informou também que a expectativa da polícia é continuar fazendo intervenções nessas localidades, bem como na Tijuquinha e no Eduardo Gomes.

Retaliação

O inquérito do mais recente homicídio e o único dos cinco casos de São Cristóvão em que ainda não foi apontado um suspeito – o do idoso Amintas Correia Porto – está nas mãos do delegado Mario Leone, da 4ª Divisão do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Há suspeitas de que Porto tenha sido morto por vingança após ter feito acusações a respeito da violência na área onde morava.

O crime ocorreu na última quarta-feira, 11, por volta das 17h. Amintas estava na varanda de sua casa quando três indivíduos o interpelaram com disparos de arma de fogo. Há cerca de quatro meses, três homens haviam assaltado a residência do idoso e sido denunciados por ele.

“Estamos ouvindo pessoas para poder dar uma resposta breve. Já temos uma linha de investigação”, afirmou Leone. A apuração do caso acontece também com trabalhos em campo em conjunto com a própria delegacia de São Cristóvão. “A gente tem alguns suspeitos, mas divulgar nomes seria precipitado”, contou o delegado.

Fonte: Infonet (Ricardo Gomes e Aldaci de Souza)

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