terça-feira, 13 de março de 2012

DEPOIS DA TEMPESTADE ...

Está sendo divulgado na grande mídia que treze bombeiros militares do Rio de Janeiro (CBMERJ) serão demitidos em virtude de participação no último movimento reivindicatório da categoria. Embora o Rio não tenha vivido momentos de caos como ocorrera na Bahia, em que policiais participantes do movimento foram acusados de propagar atos ilegais durante a paralização da categoria, o governo carioca agiu de modo explicitamente repressor à greve: deixou claro que não admite que os (semi)trabalhadores da segurança pública reivindiquem direitos e melhorias.

Certamente não há duvidas de que medidas do tipo geram insatisfação na tropa: é preciso escolher entre ser policial ou bombeiro militar e ter sua cidadania plena, já que a limitação de direitos não possui uma obrigação governamental correspondente, evitando degradação das condições de trabalho. Tolher policiais e bombeiros a realizar “articulação em manifestações de caráter político-partidário”, aplicando-lhes a pena máxima da administração (a demissão) por isso é a marca das contradições internas às polícias brasileiras, que ao mesmo tempo propagandeiam e cobram de seus homens e mulheres um perfil cidadão, comunitário e flexível com a sociedade.

Na Bahia, alguns policiais permanecem presos, embora boa parte dos detidos desde o movimento tenham sido libetados do cárcere – ainda respondendo a processo. Entre os últimos acontecimentos, destaque-se a divulgação de um “suposto fac-simile“, que complementa a conversa exibida no Jornal Nacional entre participantes do Movimento grevista na corporação. Lembrem:



A seriedade e rigor encenado pelos apresentadores são dignos da parcialidade praticada pela mesma emissora à época das eleições em que foi eleito o ex-presidente Collor (em desfavor do ex-presidente Lula, do mesmo Partido dos Trabalhadores que hoje governa o país), pelo menos se lermos o que diz o documento que está sendo divulgado:


Se a publicidade deste fac-simile não dá carta branca a quem quer que seja, por outro lado, justifica o uso incisivo do termo “manipulação” para a matéria exposta acima. A esta altura, chega a ser ingênua a pergunta pelas intenções da emissora ao praticar tal “descuido”.

Aos governos, importa que “a paz fora restituída”, “a ordem está mantida”, “a população está segura”. Depois da tempestade…

PS: Quem repudia o jogo de poder feito por emissoras através da manipulação de sua audiência pode se sentir um pouco regozijado com o direito de resposta concedido a Leonel Brizola em 1994, após ter sido atacado pelo… Jornal Nacional.

Fonte: Abordagem Policial (Danillo Ferreira)

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